O consumo de frutas pelos alunos da rede municipal de Limeira aumentou 80% em outubro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019. A mudança no hábito alimentar das crianças deve-se à implantação, pela Secretaria de Educação, de uma nova resolução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que entrou em vigor no início do ano.
Essa resolução elevou de 200 para 280 gramas, a quantidade de frutas “in natura”, verduras e legumes que devem ser oferecidos semanalmente aos alunos do período parcial. No ensino integral o aumento foi ainda maior, passou de 200 para 520 gramas. Em números totais, em 2019 eram servidos 25 mil quilos de frutas por mês. Agora em outubro de 2021, quando as aulas presenciais na rede pública foram integralmente retomadas, esse volume subiu para 45 mil quilos por mês.
O prefeito Mario Botion destacou que a escola tem a finalidade de promover a educação global dos indivíduos e que esse papel vai muito além da alfabetização. Dentro desse conceito, ele salientou que a rede municipal está incentivando a adoção de hábitos mais saudáveis, que os alunos poderão levar para a vida toda. “Essa iniciativa de educação alimentar trará benefícios à saúde das crianças, proporcionando, futuramente, a melhoria da qualidade de vida”, disse.
SEM AÇÚCAR
E as alterações na merenda não param por aí. As novas regras, que seguem as diretrizes do Novo Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, proíbem o consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados para crianças até 3 anos. Acima dessa faixa etária, biscoitos, bolachas, pães, doces e líquidos lácteos adoçados até podem ser oferecidos às crianças, porém com restrições.
Para esclarecer as novas orientações às merendeiras e à direção das escolas, a Secretaria de Educação promoveu sessões de formação sobre o tema. A nutricionista da pasta, Renata Chinelatto de Campos, informou que o novo cardápio causou estranheza no início, mas aos poucos houve entendimento dos benefícios dessas transformações. “Na época, algumas mães chegaram a procurar as unidades, preocupadas com a exclusão do açúcar e dos achocolatados. Elas foram acolhidas pela direção das escolas e também passaram a entender as mudanças”, enfatizou.
Uma das escolas que vem colhendo bons frutos é o Centro Infantil Carolina Guilhermina Schnoor Bohianza, no Parque Nossa Sra. das Dores. Sob a direção de Erik Nery Barbosa, o espaço recebe 289 crianças, de 4 meses (berçário 1) a 5 anos (2ª etapa), que consomem quatro refeições diárias.
Segundo a vice-diretora da unidade, Míria de Freitas Barbosa Silva, o pão que era servido no café da manhã foi substituído por banana, maçã, pera, entre outras. No lanche da tarde, nada de biscoito. Os pratinhos das crianças também ganharam o colorido das porções de frutas. “As crianças se adaptaram bem, algumas recusavam as frutas no início, mas logo depois aderiram à nova rotina”, frisou Míria.
FRUTAS NO LANCHE
A merendeira da escola, Rosemary Benetti Pereira, endossou esse posicionamento. Ela relatou que os alunos “comem bem” as frutas oferecidas na hora do lanche. A banana, conforme a merendeira, é a mais apreciada pelos pequenos. Nesta semana, enquanto preparava o almoço – arroz, feijão, frango refogado e salada de escarola – ela falou sobre outra alteração importante. Alimentos industrializados, de baixo valor nutricional, como a salsicha, foram banidos da cozinha. O molho de tomate enlatado, por exemplo, foi substituído por molho de tomate natural, enriquecido com abóbora, cenoura e beterraba cozida. “Fica muito bom”, disse.
Mãe do aluno Noah, de 1 ano e quatro meses, Jackeline Teixeira da Silva, de 26 anos, também avaliou positivamente a proposta do cardápio. “Meu filho não teve nenhuma dificuldade para se adaptar. Ele gosta da comida da escola e às vezes quer até repetir”, relatou. Jackeline parabenizou a escola, ao comentar que Noah está “crescendo bem” e ficando “a cada dia mais esperto”.
NA HORTA
As inovações no cardápio escolar acompanharam outro projeto, de educação ambiental, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura. Em quatro canteiros da unidade, os alunos receberam orientação para o plantio de verduras e legumes. Todos os dias, uma classe encarregava-se dos cuidados com a rega das plantinhas na horta.
As crianças também fizeram a colheita, colocaram os produtos em caixas e os levaram até a cozinha da escola, onde foram preparados e servidos no mesmo dia. A coordenadora pedagógica do Centro Infantil, Claudineia Ferraz, ressaltou que todo o processo de crescimento das plantas, bem como o de compostagem, foi trabalhado didaticamente, porém de forma lúdica. Além disso, propiciou o contato das crianças com a terra, inserindo a produção de verduras e legumes no cotidiano escolar.