Uma suposta mudança no itinerário de um ônibus escolar que atende a área rural de Piracicaba (SP), no bairro Pau D’Alhinho, tem judiado das crianças que estão se vendo obrigada a ficar pouco mais de uma hora, com esta onda de calor, dentro do veículo que não possui ar-condicionado. Poderiam abrir as janelas? Sim, mas, segundo os pais, as estradas são de cascalho e a poeira toma conta.
Nesta semana, segundo alguns deles, teve sangramento nasal em crianças e reclamações constante de dores de cabeça por parte de outras. Valdecir Alves dos Santos, 55, que mora no bairro Altos do Pau D’Alhinho, disse que tem dois filhos que utilizam o transporte gratuito. “O percurso ficou maior porque foi tirado um ônibus da escolinha de um outro bairro, que é distante de nosso, e o ônibus daqui está fazendo os dois itinerários”, declarou.
Segundo ele, as crianças entram no ônibus às 11h da manhã e vão chegar na escola, no bairro Jupiá, às 12h ou um pouco mais tarde – horário em que o sol está escaldante. “Está sendo desumano fazer isso com nossas crianças. Na volta, elas chegavam no nosso bairro às 17h30. Agora, estão chegando perto das 18h15. Quem estuda cedo, que era para chegar às 12h10 está chegando depois das 13h, ressaltou.
Valdecir que disse que já ligou na prefeitura, procurou a Secretaria Municipal de Educação, foi até a escola, mas nada foi resolvido. “Um passa para o outro e até agora ninguém resolveu nada. E essas crianças ficando uma hora ou mais dentro do ônibus”, reclamou.
Emanuel de Oliveira, 43, que também tem dois filhos na escola – com 8 e 11 anos, disse que quem comunicou a mudança no itinerário foi o próprio monitor que passou, de porta em porta ,avisando que o responsável pelo transporte escolar havia tirado o ônibus de outro bairro que, agora, seria servido pelo mesmo que passa no Pau D’Alhinho.
“Quando fui assinar o termo para meu filho utilizar o ônibus foi que este ônibus ia sair da escola e entregar meu filho em determinado horário. Agora houve a mudança e nem a diretora da escola foi comunicada. Isso é irresponsabilidade quem cuida do transporte. Depois que sai da escola, meu filho fica mais de uma hora no ônibus. Ele sai de casa às 6h20 e chegava por volta das 12h10. Hoje, ele tem chegado perto das 13h20”.
Maria Helena da Silva de Souza, de 64 anos, que espera a bisneta chegar da escola todos os dias, também reclamou. “Ela me fala: ‘vó, me leva na escola porque não aguento o calor. Quando eu entro, sento na sombra. A primeira virada que o ônibus dá fico no sol’. Ela não está mais querendo ir. Queremos que coloque um para as crianças daqui e outro para lá, nem que seja um micro-ônibus”, ressaltou.
O aluno Lucas Eduardo de Oliveira, de 11 anos, reclamou que quando volta para casa fica transpirando. “É muito calor e a gente transpira demais”, declarou. Pedro Henrique dos Santos, 11 anos, disse que é muito difícil ficar uma hora à mais dentro do ônibus. “Hoje (17), um menino estava colocando sangue pelo nariz e eu também já coloquei”, contou.
A Prefeitura foi procurada nesta sexta-feira, mas não respondeu sobre as reclamações.