As procuradorias eleitorais de Minas Gerais e do Piauí abriram procedimentos para analisar se houve irregularidades envolvendo o pagamento de influenciadores em redes sociais para fazer campanha para candidatos petistas. O procedimento é o primeiro passo para a abertura de uma investigação formal.
O caso ganhou repercussão no fim de semana após uma série de posts exaltando a gestão do governador do Piauí, Wellington Dias, candidato a reeleição.
Internautas passaram a acusá-lo de pagar uma agência de “influenciadores digitais” para divulgar mensagens positivas a seu respeito. A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular ou até caixa 2.
A ação foi denunciada pela influenciadora digital Paula Holanda. Em seu Twitter, ela disse que foi procurada por uma representante de uma agência de marketing digital, a Lajoy.
Paula publicou suposto briefing em que uma pessoa chamada Isabella Bomtempo, da agência, convidou-a para participar de ação “de militância política para a esquerda” e não de cunho partidário. No trecho divulgado por Paula não havia menção a pagamentos. Ela aceitou participar.
Segundo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes”.
A partir da denúncia, postagens de outros influenciadores digitais foram expostas nas redes – vários deles com comentários elogiosos a Dias.
Uma das empresas apontadas como recrutadora destes influenciadores é a BeConnected, sediada em Belo Horizonte, e que tem um assessor de um deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), candidato ao Senado, como sócio.
PT está averiguando, diz Gleisi
Após visita a Lula, na manhã desta segunda-feira, 27, em Curitiba, a presidente do PT Gleisi Hoffmann afirmou que a legenda está averiguando as acusações de que uma agência teria pago por comentários favoráveis ao partido no Twitter.
“O PT nunca adotou esse tipo de prática, nossa relação com as redes sempre foi de respeito e de militância. Nunca pagamos ninguém para falar em rede, muito pelo contrário. Estamos averiguando o que é isso, para esclarecer essa situação”, declarou ao lado do candidato a vice na chapa de Lula, Fernando Haddad (PT), que também visitou o político, condenado pela Operação Lava Jato e preso desde abril na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná.
No sábado, 25, a influenciadora digital Paula Holanda revelou em seu Twitter que foi convidada por uma agência de marketing digital a promover conteúdo de esquerda em seu perfil.
Segundo a profissional, ela escreveu tuítes relacionados a candidatos do PT, como Gleisi, que concorre ao cargo de deputada federal no Paraná, e Luiz Marinho, candidato ao governo de São Paulo.