O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (2), em meio à crise provocada pela operação “Sem Desconto”, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União. A ação revelou um esquema bilionário de desvios envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.
Logo após o pedido de saída, o Palácio do Planalto anunciou que o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, foi convidado a assumir o comando do ministério. A exoneração de Lupi e a nomeação do novo ministro devem ser publicadas em edição extra do Diário Oficial da União ainda nesta sexta.
Escândalo e pressão política
A decisão de Lupi ocorre sob forte pressão política. A operação da PF investiga a atuação de associações que, com convênios junto ao INSS, efetuavam descontos em benefícios sem autorização dos segurados. As estimativas apontam desvios superiores a R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.
Em entrevista, Carlos Lupi admitiu que tinha conhecimento dos problemas, mas afirmou que demorou a tomar providências. Mesmo assim, declarou não se sentir desconfortável no cargo, o que aumentou a pressão dentro e fora do governo.
No Congresso, parlamentares articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso.
Substituição para evitar crise com o PDT
A escolha de Wolney Queiroz, ex-deputado federal pelo PDT de Pernambuco e atual número 2 da pasta, busca manter o apoio do partido ao governo Lula, evitando maiores desgastes. Apesar de divergências internas — como a postura crítica do ex-governador Ciro Gomes —, o PDT é considerado um aliado da base governista.
Wolney, inclusive, foi um dos poucos dirigentes da legenda a defender o apoio direto a Lula no primeiro turno das eleições de 2022, em contraponto à candidatura própria de Ciro.
Suspensão de convênios
Após o escândalo, o governo federal anunciou a suspensão de todos os convênios com associações que envolviam descontos automáticos nos benefícios do INSS. A medida tenta estancar os prejuízos e restaurar a confiança no sistema previdenciário.