O Mimo, um dos mais conceituados festivais do calendário brasileiro desde sua primeira edição, há 15 anos, em Olinda, vai ser realizado pela primeira vez em São Paulo neste final de semana. Serão três dias com shows que trazem uma mostra do mapa genético do evento em edições já feitas em cidades históricas como Paraty (RJ), Tiradentes e Ouro Preto (MG), Rio de Janeiro e Amarante (ao norte de Portugal), além de Olinda (PE).
Demorou até chegar a São Paulo, mas essa era uma das inovações da produtora Lu Araújo, que queria sedimentar seu projeto em espaços públicos fora do eixo mais congestionado. Mesmo não sendo em um ano propício para investidores apostarem em cultura, e Lu sofre com a diminuição de patrocínios, o festival chega com uma identidade forte.
Além dos shows, a programação inclui um ciclo interessante de debates e workshops e uma mostra paralela de cinema. Os espaços em São Paulo serão o Teatro Municipal, Mosteiro de São Bento, Praça das Artes, Sesc 24 de Maio e Centro Cultural São Paulo.
Os shows desta sexta, 22, serão os da guitarrista de fado Marta Pereira da Costa – segundo os próprios portugueses, a única do gênero (às 17h, no Teatro Municipal) – e de Egberto Gismonti e Quarteto (às 20h, no Mosteiro de São Bento), ainda sob a aura de seus 40 anos de carreira. Seu grupo é formado por Grazie Wirtti (voz), Rafael Martini (acordeom) e Felipe José (violoncelo).
Na mostra de cinema, no Centro Cultural São Paulo, os destaques serão Eletronica: Mentes, às 16h, com direção de Dácio Pinheiro, Denis Giacobelis e Paulo Beto. Um documentário sobre os processos de criação dos músicos que usam equipamentos eletrônicos. E, às 20h, haverá O Astronauta Tupi, de Pedro Bronz, que narra a trajetória do compositor e cantor Pedro Luís
Os shows de sábado, 23, trazem atrações africanas que se tornaram uma marca na Mimo. Depois dos shows do português Chico da Tina, às 17h, e do rapper Edgar, a Praça das Artes vai receber duas atrações de uma porção africana onde surgiram os primeiros bluesmen da história. Do Mali, chega, às 23h, o casal Amadou & Mariam, cegos, ele guitarrista e cantor, ela cantora, com uma música hipnotizante. Da vizinha Mauritânia, quem reaparece na Mimo (ela esteve na edição de 2017) é a cantora e tocadora de ardil (um instrumento de cordas só permitido às mulheres de seu país) Noura Mint Seymali.
Além de se apresentar na primeira noite, Egberto será lembrado também no ciclo de filmes do domingo, 24, quando será exibido o documentário O Avião Tá de Parabéns, de Geraldinho Magalhães e Nilton Pereira, que narra o encontro de Egberto com João do Pife, pernambucano, um dos maiores tocadores e construtores de pífanos (ou pifes) do País. O documentário será às 18h, no CCSP