Noite de segunda-feira (4), o telefone 190 toca e do outro lado da linha uma mãe, bastante nervosa, diz que seu filho com 13 dias de vida está engasgado. O atendente a orienta sobre procedimentos de desengasgo, mas, seu filho continua do mesmo jeito.
Enquanto o atendente mantém a mãe ao telefone, outros policiais, que atuam no despacho de ocorrências, já vão comunicando as viaturas em patrulhamento para que alguma equipe vá rapidamente até o condomínio da família, na rua Fernando Lopes, bairro Paulicéia, em Piracicaba (SP).
A sargento Aline, que se encontrava de serviço com os soldados Flauzino e Barboza na área da 1ª Companhia, inclusive em Jornada Extraordinária (Dejem), estava nas proximidades e pediu que os pais fossem orientados a descerem e esperarem a viatura já na frente do prédio – era uma forma de ganhar tempo e iniciar, o mais rápido possível, a manobra de desengasgo conhecida como Heimlich.
Na frente do prédio, no colo do pai, a criança estava roxinha e sem respirar. O soldado Barbosa tomou a criança nos braços e iniciou a manobra. Apesar da tensão, todo o cuidado era pouco devido ao porte físico e à fragilidade do bebê. Em pouquíssimo tempo, ele chorou dando sinal de vida.
De acordo com a sargento Aline, o próximo passo foi colocar pai e filho na viatura e comunicar, via rádio, a Central 190 para disponibilizar outra viatura cuja equipe teria que ir rapidamente até a Santa Casa e avisar aos médicos para que se preparassem para receber a criança.
“Fomos para a Santa Casa, onde a equipe médica já nos aguardava. Graças a Deus o bebê sobreviveu e, felizmente, sem nenhuma sequela. Foi a primeira ocorrência desta natureza que o Barboza atendeu. Eu já participei, mas com um bebê tão pequeno foi a primeira”, disse a sargento.
“Para nós é uma experiência única porque, como policial, a gente pensa: vou combater o crime, preservar a ordem pública, mas, quando você se depara com alguém tão frágil e pode salvar a vida, trazer paz e segurança para a família, e ser símbolo dessa segurança para a sociedade, não tem preço. Eu acredito que, acima de tudo, isso é uma recompensa pessoal que enche nosso espírito e nos motiva a fazer um trabalho que vai muito além do que combater crime. Eu não tenho filhos, o Barboza também não. No dia seguinte fomos visitar a criança e, ver os pais tranquilos, a mãe grata, apesar de ainda estar debilitada da cesárea, é algo muito emocionante”, completou.