O começo era esperançoso. Mariana Mazzelli, de 35 anos, tentou engravidar durante um ano, mas não teve sucesso. Há oito meses, resolveu apostar em um método que induz a ovulação. Passaram 15 dias e o resultado não poderia ser melhor: positivo. Ela nem podia imaginar que eram de quíntuplos. “Estávamos esperando um só, ou até gêmeos, mas não cinco”, disse ela, que deu à luz na semana passada, em um parto que envolveu 36 profissionais, entre médicos, enfermeiros e assistentes.
“Cinco é demais, incrível”, contou a gerente administrativa, que trabalha no cartório da família em Guarapari, região metropolitana de Vitória. “Só agora nossa ficha está caindo.”
Ela tentou engravidar várias vezes, mas não recorreu à inseminação artificial sugerida pelo médico, por ser um método caro. Preferiu a estratégia do coito programado – a indução da ovulação por meio de injeções subcutâneas de hormônios.
Mariana fez o procedimento uma única vez e o resultado veio na primeira fase. “A gente (ela e o marido) pulava, se abraçava, ria e chorava. Tudo ao mesmo tempo”, lembra. Foram 28 semanas de gestação.
O parto durou cerca de uma hora. Laís e Beatriz foram as bebês que tiveram o menor peso, uma com 450 g e a outra com 430 g. Benício chegou com 755 g, Bella teve 900 g e o maior, Jayme (mesmo nome do pai), veio ao mundo com 1.060 kg.
As crianças agora estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal. Devem deixar o hospital em até 90 dias, segundo a equipe médica.
“Mudou a nossa vida de cabeça para baixo. Vamos ter de trocar carro, nossa casa vai mudar. Está todo mundo se mobilizando, querendo participar, doando fraldas. Mudou tudo. Para melhor”, conta a nova mãe.
Múltiplos
Casos como o de Mariana são bastante raros. Segundo Hitomi Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, 80% das mulheres conseguem ovular com essa estimulação por medicamentos. “Mas só uma parte engravida. Dependendo do número de óvulos, há em torno de 10% de chance de ter gestação múltipla, mas de dois (bebês)”, explica a especialista.