A menina Kauani Cristhiny Soares Rodrigues, de 6 anos, encontrada morta numa vala, na segunda-feira, 22, cinco dias após sumir do berço, em Mongaguá, litoral sul de São Paulo, pode ter sido estuprada antes de ser assassinada, segundo a Polícia Civil. Exames preliminares apresentados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande apontaram indícios de violência sexual.
O laudo apontou lesões próximas da região genital da garotinha, mas o estado do corpo em decomposição não permitiu a confirmação do estupro. O delegado do 2º Distrito Policial, Francisco Wenceslau, que está à frente do caso, pediu exames específicos que devem ser entregues em 30 dias. Ele acredita que houve a violência sexual.
A criança foi levada do quarto em que dormia no noite do dia 17, quando os familiares estavam reunidos em uma festa. A família mora no prédio de um antigo bar, que foi alvo de ocupação. A mãe, Diana Soares de Lira, de 34 anos, notou o desaparecimento ao levar o outro filho para a cama.
Um homem chegou a ser detido, mas foi liberado por falta de provas. Imagens de câmeras mostraram que, naquela noite, ele caminhava pela rua levando a criança no colo. Ele voltou a ser preso e confessou ter raptado Kauani, apertado seu pescoço e jogado o corpo em uma vala, mas negou o estupro.
De acordo com o delegado, embora o acusado negue a violência sexual, outros elementos indicam que a menina foi raptada para esse fim criminoso. Ele conhecia a criança, pois era morador de rua e recebia ajuda da família com a doação de alimentos. Ele alegou ter decidido raptar Kauani por vingança, porque a mãe dela lhe teria negado comida e drogas, mas familiares e testemunhas negam esse fato.
O acusado também foi apontado como autor de dois crimes de estupro anteriores, o que ainda é investigado. O que mais reforça a hipótese de crime sexual, segundo o policial, é o fato da criança ter sido encontrada seminua.
Conforme Wenceslau, embora o laudo preliminar não indique a causa da morte, não há dúvida de que houve homicídio qualificado, pois o suspeito confessou ter raptado, esganado a vítima e jogado o corpo na vala cheia de água. O crime será tratado como hediondo, devido à asfixia produzida pela esganadura ou pelo afogamento, que são meios cruéis. Segundo o delegado, se os laudos complementares confirmarem o estupro, o homem responderá também por esse crime.
Buscas
Uma tia de Kauani, Sheila Aparecida Lira Soares, contou que Sales frequentou a casa da família mesmo após o desaparecimento da criança. Ele teria se colocado à disposição para ajudar nas buscas. A família chegou a divulgar cartazes pedindo ajuda à população. Sheila disse que desconfiou do morador de rua e o procurou depois que a criança sumiu. O homem estava dormindo e negou ter visto ou feito algo com a menina.
Conforme depoimento da tia, ela tinha avistado os suspeito próximo do portão da casa antes de Kauani desaparecer. Câmeras de monitoramento gravaram o momento em que Sheila aborda de forma insistente e agressiva o suspeito, o que confirma a versão da mulher. O suspeito está preso preventivamente na Cadeia Pública de Peruíbe. O defensor público indicado para sua defesa informou que só se manifestará no inquérito.