Depois de receber o apoio do senador Tasso Jereissati (CE), que desistiu das prévias do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tenta montar uma “frente” contra seu principal adversário na disputa interna, o governador de São Paulo, João Doria. Nas últimas semanas, Leite buscou o apoio de prefeitos paulistas para reduzir o favoritismo de Doria no Estado, principal colégio eleitoral tucano e também do País, na corrida para 2022.
O prefeito de Santo André, Paulo Serra, assumiu a coordenação da pré-campanha de Leite em São Paulo. Na semana passada, Serra organizou um ato com Leite em São José dos Campos, onde o prefeito, Felício Ramuth, é apontado como aliado estratégico do governador gaúcho. Participaram do encontro as principais lideranças do PSDB no Vale do Paraíba.
“O apoio ao Eduardo Leite tem crescido no Estado (de São Paulo) e muitos diretórios se abriram para conhecer as propostas dele. O Eduardo é mais competitivo e tem mais viabilidade de diálogo com outros partidos”, disse Serra ao Estadão. O prefeito de Santo André afirmou que está organizando visitas de Leite às 11 regiões administrativas de São Paulo nos próximos 50 dias.
O Estado de São Paulo é governado pelos tucanos há quase 30 anos, e a sigla contabiliza 241 prefeitos e 99 vices do partido – são, portanto, 340 votos na eleição interna que vai definir o candidato à Presidência da República. No Rio Grande do Sul, o PSDB tem 31 prefeitos e 31 vices.
Esses números dão, em tese, vantagem a Doria. Pelo formato estabelecido pela executiva, o vencedor das prévias será escolhido da seguinte forma: quatro grupos vão votar no dia 21 de novembro – (1) filiados; (2) prefeitos e vice-prefeitos; (3) vereadores, deputados estaduais e distritais; (4) governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores. Cada um desses grupos tem peso de 25% no total dos votos.
Leite já fez três viagens oficiais a São Paulo para encontrar a militância do partido. Doria ainda não foi ao Rio Grande do Sul na campanha das prévias.
Em uma dessas visitas, Leite se reuniu na Câmara Municipal de São Paulo com o líder do PSDB na Casa, vereador Reginaldo Tripoli, que declarou apoio a ele, o que causou desconforto com os demais sete vereadores do partido que estão fechados com Doria. “Leite é um cara plural e não está a fim de bater em ninguém. Ele tem uma disposição para o diálogo que não vejo no Doria”, disse o vereador ao Estadão.
O prefeito de São José dos Campos disse que ainda não decidiu se vai apoiar Leite ou Doria – há ainda um terceiro candidato nas prévias tucanas, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. “Tenho um pé no muro com o Doria, outro com Leite e ainda vou tomar a decisão de ficar ou sair do PSDB. Nosso diretório é orgânico e vai tomar as decisões certas na hora certa”, afirmou Ramuth.
Após organizar o ato com o governador gaúcho em sua cidade, Ramuth almoçou com Doria no Palácio dos Bandeirantes, na quarta-feira passada. De acordo com ele, a decisão será tomada em conjunto com o deputado federal Eduardo Cury e o vice-prefeito da cidade.
Em outra frente, dois ex-presidentes do PSDB de São Paulo, Pedro Tobias e Antonio Carlos Pannunzio, também anunciaram apoio ao governador do Rio Grande do Sul nas prévias. Ambos são ligados ao ex-governador Geraldo Alckmin, que está de saída do partido.
‘Caso isolado’
O presidente do PSDB paulista e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, minimizou o apoio recebido pelo gaúcho em São Paulo. “Eles (Leite e Arthur Virgílio) são bem-vindos, mas, juntos, não somam nem 100 votos em um universo de 300 mil”, afirmou. Para o presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, Fernando Alfredo, o apoio de Tripoli a Leite é um “caso isolado”. “Não representa a opinião da quase totalidade do diretório municipal do PSDB paulistano.”
No Rio Grande do Sul, a principal aliada de Doria é a ex-governadora Yeda Crusius, que preside o PSDB Mulher e organizou um evento com centenas de tucanas em apoio ao governador paulista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.