O lateral-direito Marcinho, ex-jogador do Botafogo, admitiu nesta segunda-feira à Polícia Civil do Rio de Janeiro que dirigia o carro que atropelou um casal, na noite de 30 de dezembro, e fugiu sem prestar socorro. O acidente ocorreu no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste da capital fluminense, e causou a morte de uma das vítimas. A outra está internada em estado grave.
O atleta e seu pai e empresário, Sérgio Lemos de Oliveira, prestaram depoimento na 42.ª DP (Recreio dos Bandeirantes) nesta segunda. De acordo com o delegado Alan Luxardo, responsável pela investigação, eles disseram que o carro trafegava a 60 km/h (dentro do limite de velocidade da via), negaram que Marcinho estivesse alcoolizado e afirmaram que ele fugiu por medo de ser agredido. Como a investigação ainda não terminou, por enquanto o jogador não foi indiciado.
Maria Cristina José Soares e Alexandre Silva de Lima atravessavam a avenida Lúcio Costa, na altura do número 17.170, quando foram atropelados. Alexandre morreu no local e Maria, que tem 66 anos, foi encaminhada em estado grave ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Depois, foi transferida para o Hospital Vitória, onde no domingo se submeteu a uma cirurgia nas duas pernas. Até esta segunda-feira, a vítima estava na UTI. Por isso ainda não foi ouvida pela polícia.
O carro, um Mini Cooper, foi localizado abandonado na rua Hermes de Lima, no Recreio. O veículo está registrado em nome de uma empresa de produtos hospitalares cujo sócio é Sergio Lemos de Oliveira. Após ser localizado e submetido a perícia, o carro foi rebocado por um guincho da seguradora até a garagem da casa do pai de Marcinho – a partir daí a Polícia Civil passou a considerar o jogador suspeito.
“Marcinho alegou que estava dirigindo em velocidade normal, isso vai ser comprovado com a perícia. E que o casal entrou na frente dele de forma repentina. Nós vamos atrás de testemunhas, que já estão identificadas, para verificar essa versão”, disse o delegado após os depoimentos. “Houve fuga, isso eu não vejo como sendo diferente. E isso tudo vai ser levado em consideração no inquérito policial. Houve uma situação grave, uma saída do local”, completou Luxardo, que pretende ouvir testemunhas do acidente nesta terça e na quarta-feira.
“Foi um acidente, foi inevitável. O casal atravessou fora da faixa de pedestres. Estava escuro, a praia estava cheia, ele (Marcinho) não conseguiu frear a tempo. Ele ficou muito assustado na hora, com vidro nos olhos, e ficou com medo de ser linchado porque as pessoas estavam se juntando no local”, afirmou o advogado Gabriel Habib, que representa o atleta. “O Márcio é uma pessoa pública, recebe ameaças pela torcida do Botafogo já há algum tempo. Tem lugar que ele nem frequenta por causa disso. Mas ele está muito preocupado com a assistência à família. Tudo que ele pode fazer pela família ele está fazendo”, completou.
O advogado das vítimas, Márcio Albuquerque, nega que o atleta esteja prestando auxílio à família: “A gente acompanhou o depoimento do jogador, ele passou a versão dele do caso. O doutor Allan vai ouvir outras testemunhas, ainda tem a questão da perícia. Então vamos aguardar. O advogado deles disse que estão prestando auxílio e isso não é verdade. Até agora nenhum auxílio foi prestado. Vamos aguardar, as pessoas têm que responder pelos seus atos”, afirmou.
Marcinho está sem contrato desde o último dia 1.º. Até 31 de dezembro era atleta do Botafogo, clube pelo qual disputou apenas quatro partidas na temporada 2020.