“Foi uma sensação incrível, como se eu finalmente tivesse cumprido com o meu dever. Uma sensação que me completava, como se eu finalmente pudesse ver os resultados dos meus esforços materializados naquela lista onde estava o meu nome. Naquele momento me senti a pessoa mais feliz do mundo”, diz Brenda Eloá Silva dos Santos, de 18 anos, recém-aprovada no vestibular da Unicamp, no curso de Medicina, por meio do Provão Paulista.
Detalhe: Brenda estudava na escola Escola Estadual Professor Lázaro Duarte do Páteo, na Vila Castelar, em Limeira (SP), desde o quarto ano, e nunca estudou em colégios particulares muito menos frequentou cursinhos presenciais. Seus estudos se basearam na leitura de livros, pesquisas via internet e guardando, na mente, tudo o que aprendia em sala de aula.
Ela também conta que sempre teve uma ligação muito forte com essa escola, pois sua mãe e sua irmã também já estudaram na mesma insituição. Brenda revela como se preparou para o vestibular.
“Eu estudava na escola das 7h até 12h35. Chegava em casa às 13h30. porque o ônibus demorava um pouco, e começava a estudar uma hora depois. Fiz alguns cursos online, assistia aulas através do YouTube e via dicas de pessoas já aprovadas, no Tiktok. Eu tamém fazia simulados, treino de redações semanais, provas antigas e uma média de 100 questões por dia, além de estudar cerca de 9 horas por dia, pois na maioria dos dias eu dormia às 23h e às vezes até um pouco mais tarde”, lembra.
A jovem declara que fazia pausas entre as matérias e lia muitos livros. “A literatura entrou na minha vida muito cedo, por meio da minha mãe que é monitora escolar e do meu pai que é um exímio leitor. Nesses últimos três anos li cerca de 60 livros, sendo a maioria deles contos e histórias escritos por Machado de Assis — um dos meus escritores favoritos”, destaca.
Por que Medicina?
Segundo Brenda Eolá, ela sempre teve o sonho de ser médica. “Desde muito nova minha reposta sempre foi essa quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse. Na minha família não temos nenhum médico, mas temos atuantes na área da saúde. Na verdade, esse meu sonho é muito ligado à minha falecida avó materna, pois ela era enfermeira estudada, mesmo em tempos difíceis para uma mulher pobre e negra, então a coragem da minha avó sempre me inspirou e me inspira até hoje”, declara.
Filha de Clodoaldo Cerqueira dos Santos, que trabalha numa farmácia como orientador de estacionamento, e de Graziela Cristina Silva dos Santos, Brenda diz ter muito orgulho de sua família e da educação que recebe. “Aqui em casa, eu e minha irmã, Beatriz Raissa Silva dos Santos, sempre fomos educadas de uma forma ampla, então sempre tivemos espaço para expressar nossas opiniões e falar o que sentimos”, afirma.
“Acho que esse espaço cotidiano de diálogo e comunicação é muito importante para a formação de uma personalidade. Fui ensinada a me posicionar, mesmo se doesse, ter assertividade e coragem para lidar com toda situação, seja ela boa ou ruim. Todos os dias meus pais me perguntam sobre como foi o meu dia e o que eu aprendi nele. Esse apoio emocional foi muito importante para mim, haja a vista que esse cronograma de estudos para o vestibular é algo muito cansativo para a mente e para o corpo. Eu e minha irmã sempre fomos ensinadas a respeitar o espaço do próximo, principalmente na escola. Sempre fui orientada a respeitar uma hierarquia entre aluno e professor, onde aquele era o meu mestre e era minha obrigação, como aluna, respeitá-lo”, acrescenta.
Otimista, Brenda deixa um recado para pessoas que acham difícil chegar à uma conquista semelhante à dela – e tão jovem. “Vai dar tudo certo, pois creio que Deus está comigo e Nossa Senhora intercede por mim. Disciplina é crucial, assim como o foco e a determinação. Sei que não é fácil, mas não é impossível e eu espero conseguir influenciar alguém positivamente nesse quesito, principalmente aqueles que se identificam comigo. O conselho que eu tenho para dar é: não desistir por mais que pareça algo difícil e distante. Acredito que as pessoas são do tamanho dos sonhos delas”, completa.