Um fato que já é realidade em outros lugares do Brasil também se concretiza em Limeira: cada vez mais, pessoas jovens têm sido internadas em decorrência da Covid-19. O perfil é diferente daquele identificado no início da pandemia, quando os idosos eram predominância em internação. Mais preocupante ainda é que o número de óbitos em decorrência da doença, nesta faixa etária, também sofreu alta.
Dados da Secretaria de Saúde de Limeira demonstram isso. A média de internações de pessoas entre 21 e 40 anos em Limeira teve aumento de 103%. O comparativo é de janeiro a abril de 2021 (média de 29,8 internações por mês) com abril a dezembro de 2020 (média de 14,7 por mês). Isso significa que, em apenas quatro meses, Limeira teve mais que o dobro de pessoas internadas nesta faixa etária do que em nove meses.
Já a média de óbitos das pessoas de 21 a 40 anos, se comparado no mesmo período, teve aumento de 93% – de abril a dezembro de 2020, a média foi de 1,6 óbito por mês, enquanto que de janeiro a abril de 2021, a média mensal é de 3 óbitos. Em outra faixa etária, de 41 a 60 anos, o aumento é ainda maior: 144% – um salto de 5,3 para 13 na média de internações.
Para se ter uma ideia do aumento, somente de janeiro de 2021 até a última segunda-feira (3), 19 pessoas com até 40 anos morreram em decorrência da Covid-19. Enquanto isso, 20 pessoas nesta faixa etária morreram, do início da pandemia até dezembro de 2020, em decorrência da Covid-19. Isto é: somente nos quatro meses deste ano, morreu quase o mesmo número de pessoas dessa idade que em nove meses de pandemia.
Outro dado da Secretaria de Saúde mostra que em abril de 2020, as pessoas de 21 a 40 anos ficavam, em média, 6 dias internadas. Atualmente, essa média é de 10,5 dias. Para pessoas entre 41 e 60 anos, também houve aumento – de 6 para 10 dias de internação, em média. Por outro lado, o tempo médio de internação de idosos de 61 a 80 caiu de 13,3 para 10,2 dias.
Para o secretário de Saúde, Vitor Santos, o novo comportamento da doença é reflexo da atual fase de pico da pandemia que o município e a região ainda se encontram, bem como pela prevalência das variantes P.1. (de Manaus) e P.2. (do Rio de Janeiro) da doença, já identificadas pelo Instituto Adolfo Lutz, por meio de um levantamento do Governo do Estado, e que atingem os mais jovens.
Segundo Santos, as variantes têm características em comum. “Além do desenvolvimento nas pessoas mais jovens, essas cepas apresentam um aumento da viremia, ou seja, se multiplicam muito rapidamente, com frequência maior de contaminados. E, também, percebemos um agravamento muito rápido dentro do organismo dos pacientes, logo no terceiro ou quarto dia de infecção”, explica o secretário.
“Com esse novo comportamento, pedimos ainda mais cautela por parte dos mais jovens para evitarem aglomerações, pois a doença se transmite rapidamente onde tem muitas pessoas reunidas e sem proteção. E seguem primordiais as demais medidas sanitárias, como o uso de máscara e a higienização das mãos”, alerta Santos. Ele ainda reforça que a chegada do inverno pode ser outro agravante para a Covid-19.