Falta de comprometimento, jogadores sem vontade, incapacidade e total desrespeito com o torcedor. Daria para colocar mais palavras neste início de texto. A verdade é que a Internacional está passando vergonha neste Paulistão. É o pior time dos últimos anos.
Desde que retornou a divisão de elite em 2020, é a primeira vez que o Leão vai para a última rodada com chances de rebaixamento. Em 2020, 2021 e 2022, com Lucas D’Andrea na presidência, a Veterana já tinha escapado da degola na penúltima rodada.
A goleada sofrida para o Guarani por 5 a 0, sábado no Estádio Walter Ribeiro, em Sorocaba, deixou o ambiente ainda mais carregado, a ponto do presidente Danilo Maluf fazer duras cobranças ao elenco no vestiário.
O que adiantou a Inter sair da pressão de Limeira para treinar a semana toda no CT do Atlético de Sorocaba? Gastou dinheiro à toa. Por que o Pintado está tão perdido em suas ações? O que tem feito Moraci Sant’anna? Como pode o time atacar apenas duas vezes em 90 minutos? E não venha com a desculpa de que o campo era neutro (Limeirão foi vetado pelo BAEP). Se fosse no Limeirão, talvez a vitória bugrina fosse um pouco menor.
A sorte da Internacional é que ela poderá escapar do rebaixamento mesmo perdendo para a Ferroviária, domingo, às 16h, em Araraquara. E pelo futebol que vem apresentando nos últimos jogos – foram cinco derrotas seguidas -, ninguém enxerga outra possibilidade a não ser o sexto insucesso seguido, que salvaria o time de Elano Blumer.
Se a Inter não perder em Araraquara, escapa do rebaixamento e complica a vida da Ferroviária. Se perder, tem duas possibilidades de permanência: Ituano não vencer o Santos, em Itu ou o São Bento perder para o Red Bull Bragantino, em Sorocaba.
A Inter deu muita sorte este ano por ter conquistado três vitórias por 1 a 0, diante de Mirassol, Ituano e Portuguesa. O critério de desempate pode salvar o Leão, uma vez que Ituano e São Bento têm apenas duas vitórias. E a permanência na A-1 não seria merecida, pois a Inter tem o pior ataque (4 gols) e a pior defesa (18 gols ao lado de Ituano e Ferroviária).
Se conseguir se salvar da degola, que esse ano sirva de aprendizado para as próximas temporadas. A Inter precisa ter um gerente de futebol de verdade e um analista de desempenho que realmente conheça o mercado. Trazer atacantes que não marcavam gols em suas equipes foi um erro grave assumido.
Goleada
Que o Guarani era favorito contra a Inter, isso todos nós sabíamos, até pela qualidade dos elencos. O que ninguém esperava era esse “papelão” que presenciamos em Sorocaba. Um dos maiores vexames que o Leão passou. E poderia ter sido muito mais.
Na coletiva de imprensa, Pintado assumiu a culpa e descartou deixar o time agora. Disse que nunca abandona o barco. Mas que clima ele terá para comandar os treinos desta semana? Nunca o treinador esteve tão perdido em suas convicções como nesse ano. Ninguém sabe escalar a Inter de tantas mudanças que ele promove. Por que não demitir Pintado e colocar Uillian Correia para comandar o time na última rodada? Pior do que está, não fica.
Pintado deixou para fazer mudanças drásticas no momento mais crucial do campeonato. Tirou o volante Claudinei e o meia-atacante Iago Telles que jogaram o campeonato todo para escalar Djalma e Fernando Canesin. No ataque começou o jogo com Eliandro, apostando na tal lei do ex. Apenas Bill se salvou. São Paulo faria um grande negócio se o contratasse.
A Inter foi uma presa fácil para o Guarani, que contava com os retornos de Diogo Matheus, Luciano Castán e Jamerson. Apenas o volante Matheus Barbosa, lesionado, ficou de fora.
O Guarani, que tinha exatamente a mesma campanha da Inter, porém tinha um saldo de gols melhor, precisou de apenas 10 minutos para abrir o placar. Bruno José foi lançado pela direita, ganhou na corrida de Djalma, que poderia ter feito a falta, e cruzou rasteiro para a área. Inteligente, Jenison deixou a bola passar e Richard Ríos, de frente para o gol, acertou o canto esquerdo de Léo Vieira. O volante colombiano interessa a vários clubes brasileiros, como Corinthians, Internacional/RS e Santos.
A Inter, para variar, não oferecia nenhum perigo ao goleiro Tony, que foi um mero espectador. O Bugre dominava as ações. O meia Matheus Oliveira parecia que não estava disposto a jogar em Araraquara na última rodada. Pendurado, o camisa 10 fez quatro faltas seguidas até receber o terceiro cartão amarelo.
Aos 46 minutos, após uma bola longa esticada da defesa, Jenison ganhou no alto da dupla de zaga leonina. A bola caiu com Bruninho, que ganhou na velocidade de Léo Duarte e da entrada da área, acertou um chute forte para fazer 2 a 0.
Como João Paulo estava mal no jogo (comentarista Tatinha Casagrande avisou que isso aconteceria) e ainda por cima com cartão amarelo, Pintado voltou com Carlinhos no lugar dele. Já o centroavante Jonathas entrou no lugar de Uillian Correia, abrindo de vez o time. Aliás, o camisa 9 criou a única chance real de gol do alvinegro, quando aproveitou um cruzamento da direita de Eliandro e cabeceou para uma ótima defesa de Tony.
Com esse buraco deixado no meio de campo por Pintado, o Guarani se aproveitou para transformar o placar em goleada. O goleiro Léo Vieira, um dos poucos que se salvou nesta temporada, fez duas boas defesas em arremates de fora da área. Já Eliandro só assustou uma vez. Foi quando recebeu de costas para o gol, girou e bateu rente a trave.
O árbitro Raphael Claus ainda deixou de expulsar o volante Fernando Canesin, que deu uma entrada violenta em Giovanni Augusto, tirando o meia do jogo. O VAR não chamou o barbarense para revisar o lance.
Aos 38 minutos, Isaque, ex-Grêmio, serviu Bruno José na velocidade pela direita. O atacante, eleito o melhor em campo, invadiu a área e acabou derrubado por Leandro Silva. Pênalti indiscutível. Neílton, ex-Santos e Vitória, que tinha acabado de entrar no jogo no lugar de Jenison, ampliou para 3 a 0. Finalização no canto esquerdo de Léo Vieira, que quase defendeu.
Virou goleada. Aos 44 minutos, Jamerson tabelou com Neílton na entrada da área e mandou cruzado, no canto de Léo Vieira. A bola ainda tocou na trave antes de entrar: 4 a 0.
Dois minutos depois, Bruno José foi lançado pela direita pelo argentino Ivan Alvariño. O atacante penetrou na área e mandou no canto de Léo Vieira para completar o placar: 5 a 0. Que vexame.
Internacional 0 x 5 Guarani
Gols – Richard Ríos aos 10 e Bruninho aos 46 minutos do 1º tempo, Neilton aos 38, Jamerson aos 44 e Bruno José aos 46 do 2º tempo (GUA)
Local – Walter Ribeiro, em Sorocaba
Árbitro – Raphael Claus
Público – 880 torcedores
Internacional – Léo Vieira; Léo Duarte, Leandro Silva, João Paulo (Carlinhos) e Zé Mário; Djalma (Bruno Menezes), Uillian Correia (Jonathas), Fernando Canesin (Iago Telles) e Matheus Oliveira; Bill e Eliandro (Jean Martim). Técnico – Pintado.
Guarani – Tony; Diogo Mateus, Lucão, Luciano Castán e Jamerson; Wenderson (Leandro Vilela), Richard Ríos (Alvariño) e Giovanni Augusto (Isaque); Bruno José, Jenison (Neilton) e Bruninho (Rafael). Técnico – Moisés Moura (interino).
Ocorrências – cartões amarelos para Carlinhos, João Paulo, Fernando Canesin, Matheus Oliveira (3º) e Iago Telles (IN); Wenderson e Bruno José (GUA).