Um incêndio iniciado neste sábado, 28, e só totalmente controlado na manhã desta segunda-feira, 30, destruiu 464 hectares de matas no interior e na zona de amortecimento do Parque Estadual do Rio do Peixe, em Ouro Verde, no oeste paulista. Com 7.720 hectares, a unidade de conservação abriga raros exemplares, em território paulista, do cervo-do-pantanal, o maior cervídeo sul-americano, considerado em estado vulnerável de ameaça pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A área queimada corresponde a cerca de 500 campos de futebol.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, o fogo teria se iniciado dentro do parque e se estendeu ao entorno, atingindo também plantações de cana-de-açúcar. Funcionários de usinas deram os primeiros combates às chamas que, atiçadas pelo vento, fugiram do controle. As frentes de fogo avançaram pelo interior da unidade e atingiram maciços florestais até então muito preservados.
Como os focos estavam espalhados, a Ambiental mobilizou várias frentes de trabalho com sete caminhões pipas, três tratores e uma carreta-tanque na tentativa de conter o avanço das chamas. O calor e a baixa umidade do ar na região também colaboraram para a propagação do incêndio.
Quando o incêndio foi considerado debelado, nesta manhã, estavam queimados 296 hectares no interior do parque estadual e 168 hectares na zona de amortecimento, incluindo lavouras de cana-de-açúcar. A dificuldade de acesso não permitiu um levantamento da fauna possivelmente afetada pelas chamas.
Registros da Polícia Ambiental indicam que o parque é invadido com frequência por caçadores. Também já houve registros de queimadas de cana em fazendas da região. A Polícia Civil de Ouro Verde vai investigar as causas do incêndio.
O Parque Estadual Rio de Peixe foi criado em 2002 pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a título de compensação ambiental pela construção da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, no Rio Paraná. A área, que se estende pelos municípios de Ouro Verde, Dracena, Presidente Venceslau e Piquerobi, protege as várzeas do Rio do Peixe, importante afluente do Paraná.
A Fundação Florestal, órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente que administra o Parque Estadual Rio do Peixe informou que a área atingida pelo incêndio é composta principalmente por pastagens e vegetação em estágio secundário de regeneração, não tendo sido queimada a área florestal mais densa. As causas e a extensão do incêndio estão sendo apuradas. Conforme a Secretaria, o combate se deu com apoio de brigadas de incêndio de usinas da região, equipadas para fazer frente a esse tipo de ocorrência.