Uma mulher, de 82 anos, foi resgatada de condições análogas às de escravidão após 72 anos trabalhando para uma mesma família no Rio de Janeiro. De acordo com a fiscalização, durante três gerações, a mulher trabalhou como empregada doméstica cuidando da casa e de seus moradores sem receber salário.
Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, esse é o caso mais longo de exploração de uma pessoa em escravidão contemporânea desde 1995, quando o Brasil criou o sistema de fiscalização para tal crime.
A ação de fiscalização começou em 15 de março e ainda não terminou uma vez que está em negociação o pagamento dos salários e direitos atrasados da mulher.
O resgate foi coordenado pela Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio e contou com a participação do Ministério Público do Trabalho e do programa Ação Integrada, que garante atendimento psicossocial.
A idosa foi encaminhada para um abrigo público sob acompanhamento desde a semana passada. De acordo com a assistente social e diretora do centro de receptação de idosos Cristiane Lessa, ““Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”.
A fiscalização relata que os pais da mulher trabalhavam em uma fazendo no interior do estado. Aos 12 anos, ela se mudou para a residência do casal proprietário para realizar serviços domésticos. Quando eles faleceram, ela migrou para a casa da filha deles e continuou cuidando da casa e das crianças.
Quando a mulher foi resgatada, ela trabalhava como doméstica e dormia em um sofá, na entrada do quarto principal. Uma denúncia anônima levou o Ministério do Trabalho até a casa, na Zona Norte da capital fluminense.
De acordo com relato de vizinhos, a mulher era tratada como empregada pelos moradores da casa e não como um membro da família, como eles defendem.