Um homem de 30 anos está internado em estado grave e pode ter ingerido whisky, possivelmente adulterado com metanol, durante um churrasco em Limeira (SP). O caso foi registrado no último dia 18 de setembro, três dias após o consumo da bebida, e faz parte de uma série de ocorrências que têm preocupado autoridades de saúde pública no estado de São Paulo.
Ao todo, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campinas (Ciatox) contabilizou nove casos de intoxicação por metanol neste mês. Além de Limeira, os registros ocorreram nas cidades de São Paulo e Bragança Paulista. Uma das vítimas, um homem de 50 anos, não resistiu.
Diante do padrão incomum dos casos, tanto pela quantidade quanto pela forma de exposição, o Ministério da Justiça e Segurança Pública classificou a situação como fora do padrão e potencialmente evolutiva para um surto. As notificações foram feitas ao Ministério da Saúde, Anvisa, Vigilância Sanitária e órgãos de defesa do consumidor.
Segundo a secretaria nacional de Políticas sobre Drogas, os registros diferem dos observados nos últimos dois anos, que envolviam geralmente ingestão deliberada de combustíveis por populações em situação de rua. Desta vez, as ocorrências envolvem cenas sociais de consumo alcoólico, como bares, festas e churrascos, com diferentes tipos de bebida, como gin, vodka e whisky.
Metanol: substância perigosa e invisível
O metanol é um tipo de álcool industrial usado como solvente, anticongelante e combustível. Sua ingestão pode causar tontura, náusea, cegueira e até a morte. Por não ter sabor ou cheiro que denuncie sua presença, ele é particularmente perigoso quando usado para adulterar bebidas alcoólicas, prática criminosa que visa reduzir custos na produção ilegal.
Segundo especialistas do Ciatox, mesmo pequenas quantidades de metanol podem causar intoxicação grave. O tratamento deve ser imediato, com o uso de antídotos e, em alguns casos, hemodiálise.
Leia a nota na integra:
“Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcóolica adulterada.
O número de casos registrado, inicialmente, pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhado ao Comitê Técnico do SAR é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.
O Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.
A ingestão acidental ou intencional de metanol leva a intoxicações graves e potencialmente fatais. O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias. Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas.
SAR – O Sistema de Alerta Rápido sobre drogas do Brasil (SAR) é um subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – Sisnad, gerenciado pela Secretaria da Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)”.




