A Hapvida viveu um dos piores dias de sua história na B3 ao perder cerca de R$ 7 bilhões em valor de mercado após a divulgação de um balanço que frustrou completamente as expectativas do mercado. As ações despencaram mais de 40% em uma única sessão, refletindo a forte reação negativa dos investidores diante dos resultados do terceiro trimestre. O relatório apontou aumento expressivo da sinistralidade, margens pressionadas e fluxo de caixa livre negativo, elementos que reforçaram a percepção de deterioração operacional no curto prazo.
O mercado também reagiu a uma série de revisões para baixo feitas por grandes casas de análise, que reduziram projeções e recomendações para os papéis da companhia. Entre os pontos mais criticados estão a dificuldade de diluir custos da rede própria em expansão, estratégia central da empresa, e o impacto de fatores sazonais que elevaram a utilização de serviços médicos em várias regiões do país. Apesar de a Hapvida ter defendido que parte dessa pressão é temporária, o discurso não foi suficiente para conter o pessimismo.
A queda abrupta apagou em poucas horas um valor equivalente ao de empresas inteiras listadas na bolsa e acendeu um alerta entre investidores sobre a sustentabilidade financeira da gigante do setor de saúde suplementar. Analistas avaliam que a magnitude do tombo pode abrir alguma oportunidade no longo prazo, mas o consenso é de que a companhia terá de mostrar sinais rápidos e consistentes de recuperação operacional para reconquistar a confiança do mercado após um trimestre considerado um dos mais difíceis de sua trajetória recente.
Em Limeira, enquanto a companhia tenta reconquistar a confiança do mercado financeiro, o cenário local também é marcado por dezenas de reclamações de usuários do plano, divulgadas pelo Rápido no Ar nos últimos meses. Entre os casos mais graves, está a morte do menino Théo Benício Vantini de Azevedo, de 2 anos, que faleceu em 30 de setembro. A família acusa o Hospital Hapvida de negligência após duas avaliações em que, segundo o relato, mesmo com sintomas como dores no peito e dificuldade respiratória, não houve recomendação de internação.
Documentos obtidos pela reportagem revelaram ainda uma discrepância significativa: o prontuário indica administração de medicação após o horário registrado na certidão de óbito. Procurado, o hospital não respondeu sobre essa divergência. O caso levou a Prefeitura a acionar o Ministério Público e motivou a abertura de uma CPI na Câmara Municipal.
Outro episódio que chamou atenção envolve um paciente que, segundo familiares, não teria recebido tratamento adequado mesmo apresentando quadro clínico grave, reforçando dúvidas sobre a qualidade da assistência prestada pela unidade.
Em um outro caso que gerou grande tumulto: um homem invadiu o Hospital Hapvida armado com o que posteriormente foi identificado pela Polícia Militar como uma pistola de airsoft. Ele afirmou sofrer de um grave problema de saúde e relatou que a unidade teria se recusado a cobrir uma cirurgia necessária. Segundo o paciente, ele já havia sido enviado duas vezes para Ribeirão Preto em busca de atendimento, mas nenhum dos hospitais teria assumido a responsabilidade pelo caso. Após viajar quatro horas para ir e outras quatro para voltar, e sentindo fortes dores, ele acabou surtando e ameaçando funcionários. O homem, que utiliza um equipamento no corpo para injeção contínua de medicamentos, alegou que o aparelho estava apresentando falhas. Contido pela PM, ele precisou ser carregado pelos policiais até a viatura devido à dificuldade de locomoção e, segundo relatos colhidos na delegacia, chegou a vomitar de dor. A ocorrência foi apresentada no 1º Distrito Policial de Limeira.
Enquanto a empresa enfrenta pressão nacional por causa da queda no mercado financeiro, os casos registrados em Limeira ampliam o alerta sobre a qualidade do atendimento prestado no município. As investigações seguem em curso, tanto pela Prefeitura quanto pelo Ministério Público, e novas apurações podem surgir conforme os procedimentos administrativos e a CPI avançam.
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