O Governo de São Paulo decretou, nesta quarta-feira (19), situação de emergência em saúde pública devido à epidemia de dengue no estado. Até o momento, São Paulo soma 124.038 casos e 113 mortes pela doença. A medida busca agilizar o acesso a recursos e reforçar a infraestrutura de atendimento em saúde, especialmente para internações.
O anúncio foi feito pelo secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, durante reunião do Centro de Operações de Emergências (COE) para as arboviroses. Segundo Paiva, o objetivo é garantir que os municípios paulistas tenham as condições necessárias para enfrentar a epidemia.
Situação crítica em 225 municípios e reforço de recursos
Atualmente, 225 cidades do estado ultrapassaram a marca de 300 casos de dengue por 100 mil habitantes. O decreto facilita o repasse de recursos federais e estaduais, permitindo que as gestões municipais decretem emergência local, conforme a gravidade do cenário epidemiológico.
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), Tatiana Lang, reforçou a importância da conscientização da população e do combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti. “As campanhas educativas são fundamentais para conter a disseminação da dengue e outras arboviroses”, destacou.
Uma das principais apostas para o enfrentamento da dengue em São Paulo e no Brasil é a vacina de dose única desenvolvida pelo Instituto Butantan. Os estudos clínicos, iniciados em 2016 e finalizados em 2024, mostraram que o imunizante reduziu em 79,6% o risco de infecção e em 89% o risco de casos graves.
A vacina é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos do vírus, incluindo o DENV-3, que voltou a circular no estado em 2023. Em dezembro de 2024, o Butantan concluiu o envio dos dados necessários para a Anvisa, que agora avalia o registro e a autorização do uso do imunizante.
Ações integradas e reforço na rede de saúde
Desde janeiro, o governo estadual tem implementado diversas ações para combater a epidemia, incluindo:
- Criação do Centro de Operações de Emergências (COE), reunindo secretarias e órgãos públicos.
- Antecipação de R$ 228 milhões do IGM SUS Paulista para os 645 municípios paulistas.
- Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas 2025/2026, com diretrizes para o enfrentamento da dengue, chikungunya e Zika.
- Capacitação online para profissionais da saúde sobre manejo clínico e atendimento de pacientes com arboviroses.
Além disso, o governo anunciou investimento de R$ 3 milhões na compra de 100 novos equipamentos de nebulização portátil e 10 de nebulização ambiental, somando agora 730 máquinas portáteis e 55 pesadas para o combate ao mosquito.
Monitoramento, transparência e medicamentos
O estado também reforçou o monitoramento dos casos com 71 unidades sentinelas espalhadas pelo território paulista, especialmente devido à reintrodução do sorotipo 3 da dengue. Para garantir o acesso aos tratamentos, foram adquiridos 32 milhões de unidades de medicamentos, incluindo sais de reidratação oral, soro fisiológico e antitérmicos.
A plataforma online dengue.saude.sp.gov.br foi atualizada e permite o acompanhamento em tempo real dos casos, com dados detalhados por município e região.
Por fim, o governo lançou a campanha multimídia “São Paulo: somos todos contra o mosquito da dengue”, reforçando a importância da mobilização coletiva para eliminar focos do Aedes aegypti e conter o avanço da epidemia.