O Governo de São Paulo, Capital, criou um programa exclusivo da Polícia Militar para atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar. Nesta semana, o projeto piloto da “Cabine Lilás” começa a funcionar na cidade de São Paulo para que a PM ofereça suporte e orientação especializada para mulheres agredidas.
A “Cabine Lilás” é um serviço operado dentro do Centro de Operações da PM (Copom), com 25 policiais femininas que foram treinadas por equipes especializadas da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para atendimento de ocorrências e suporte a policiais que estão em campo.
“A vítima de violência precisa ser ouvida, ter acesso à informação e se sentir protegida. E a função da PM também é essa”, destacou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. “O 190 é o primeiro pedido de ajuda dessa mulher. A intenção foi aperfeiçoar esse atendimento com um olhar mais específico para as necessidades delas. Para sair da situação de vulnerabilidade, a vítima de violência precisa ter todas as informações disponíveis. Esse projeto é piloto e vamos expandi-lo para o estado em breve”, acrescentou.
As policiais fazem o atendimento em uma cabine exclusiva para chamados de violência doméstica ou familiar. A partir do envio de equipes para os endereço das ocorrências, o Copom passa a orientar e supervisionar o serviço prestado pelos PMs às vítimas.
A soldado PM Thamiris Lopes participou da capacitação, em parceria com a Polícia Civil e a Defensoria Pública. “Até então, nosso trabalho era restrito ao atendimento de urgência e emergência. Agora, além do atendimento técnico, estamos oferecendo informações que vão auxiliar essa vítima”, explicou.
As agentes de segurança estão preparadas para informar os direitos das mulheres e as redes de apoio à disposição, além de oferecer suporte para registro do Boletim de Ocorrência. “É um atendimento diferenciado e ainda mais humanizado. A capacitação deu a oportunidade de nos conectar com as vítimas, sem perder o profissionalismo que a situação exige”, contou a policial.
Thamiris atendeu três mulheres no primeiro dia de funcionamento da cabine. “Eram dúvidas e pedido de ajuda que antes ficavam restritos à delegacia, mas agora podemos também oferecer esse suporte e dar a essa mulher todas as informações para tirá-la daquela situação de risco”, completou.
Antes do lançamento do programa, a mulher que ligava para o 190 recebia atendimento técnico, porém genérico. “Agora, com a capacitação das policiais, essa vítima é orientada e tem todo o suporte necessário para proceder com o registro da ocorrência. Além disso, a equipe que se deslocou à casa da vítima também tem um suporte imediato do operador”, explicou o major PM Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise Criminal e Pesquisa da Secretaria da Segurança Pública.
O Copom da PM recebe cerca de 320 chamados diários de ocorrências de violência doméstica na cidade de São Paulo. Em todo o território paulista, são mais de 1,1 mil atendimentos por dia pelo 190 a mulheres agredidas. A equipe especializada da Cabine Lilás ficará responsável por esses chamados de forma permanente, 24 horas por dia.
A vítima também será orientada sobre como registrar a ocorrência sem se deslocar até uma delegacia e como ter acesso a serviço especializado de assistência jurídica. A Cabine Lilás também dará informações que auxiliem a mulher a interromper o ciclo da violência. “É um tipo de informação que não ficará mais restrito à delegacia. A vítima terá todo o suporte desde o momento em que ligar no 190”, completou o major Vilardi.
“Na maioria das vezes, o primeiro atendimento é feito pelo 190. Então, é muito importante que as policiais façam esse atendimento de forma estruturada, sabendo como abordar a vítima, orientando quais os canais de denúncia e, principalmente, que ela consiga entender qual a rede de apoio à disposição”, destacou a coordenadora das DDMs, Jamila Ferrari.
A delegada destaca ainda a necessidade de políticas públicas integradas, que ultrapassem a atuação da polícia, para interromper o ciclo da violência contra a mulher.
“A gente tem que entender que a segurança pública é a porta de entrada das vítimas, mas ela nunca será a porta de saída. Para romper o ciclo de violência, a mulher precisa do boletim de ocorrência ou de uma medida protetiva e de um atendimento de qualidade. Além disso, a vítima necessita de suporte, com atendimento social e psicológico também”, completou Jamila.