Ele chegou quietinho para o lugar do lesionado Zé Carlos, que fraturou o antebraço contra o Palmeiras, no Allianz Parque. Foi apresentado aos jogadores na metade do Paulistão, mais precisamente na viagem para Brasília. Treinou com o elenco visando o duelo contra o São Paulo, no Mané Garrincha e chamou a atenção.
Concedeu sua primeira entrevista como jogador da Inter ao Pimba nos Esportes lá mesmo na concentração, no Distrito Federal, na manhã seguinte da derrota para o São Paulo por 3 a 0.
Continuou treinando, esperando o melhor momento para estrear. O titular era Max Walef, que não deu brecha ao reserva. Com a eliminação para o Red Bull Bragantino por 3 a 0, nas quartas de final, o camisa 1 não teve seu contrato renovado e foi embora.
Júnior Rocha não fez muita questão da permanência do ex-Fortaleza, pois sabia que o titular na Série D seria André Luiz, um goleiro experiente na divisão e um dos maiores ídolos da história do Cascavel.
Vestir a camisa da Internacional era um grande desafio para o arqueiro de 28 anos. Isso porque sua saída do Santa Cruz, seu ex-clube, não foi das melhores. O arqueiro sofreu pelo simples fato de falhar em um jogo decisivo. Mas qual goleiro nunca falhou?
A Inter abriu os braços e acolheu esse goleiro, que com um simples sorriso, cativa à todos em sua volta. Não tem uma pessoa no Major Levy que não fala: “que cara sensacional é esse André Luiz”.
E a tão sonhada oportunidade veio na Série D. André Luiz não decepcionou e rapidamente caiu no agrado do torcedor. Além de pegar muito debaixo dos três paus, tem segurança nas saídas de gol e sabe como poucos sair jogando com os pés. Parece que foi escolhido à dedos pelo ex-comandante leonino.
André Luiz foi pouco exigido na estreia contra o Pouso Alegre. A vitória por 1 a 0 veio nos acréscimos, com um gol de cabeça de Diego Jussani.
Já na segunda rodada, foram 10 defesas, quatro delas espetaculares. Foi eleito por unanimidade o melhor jogador em campo na vitória sobre o Costa Rica por 3 a 0, no Mato Grosso do Sul. Literalmente fechou o gol.
Suas atuações enchiam o torcedor de esperança. Quando alguma bola é levantada para a área, a narração é sempre a mesma: “aí tem goleiro”. Quando algum chute do adversário vem, a frase continua: “pode chutar à vontade. Aí tem goleiro”.
André Luiz seguiu sem ser vazado contra o Água Santa na terceira rodada. O Leão venceu por 1 a 0, no Limeirão e novamente com um gol de zagueiro: Gui Mariano, de cabeça.
Contra o São José, sábado passado no Vale do Paraíba, André Luiz teve um enorme trabalho. O time da casa pressionou do começo ao fim, mas lá estava o camisa 1 para mostrar toda sua segurança. Fez defesas incríveis e contou também com a sorte em alguns momentos. Parece até que sua baliza está sempre abençoada. Não entra de jeito nenhum. Ou como diria o mais fanático: “Não passa sem sinal de wi-fi”.
Esse paranaense de Laranjeiras do Sul chegou para ficar. Hoje, todos têm a certeza de que a Inter não precisará buscar um camisa 1 para o Paulistão. Ainda bem que ele tem contrato e não corre risco de sair (a não ser que venha uma senhora proposta de um clube grande). Nesta posição, o alvinegro está muito bem servido, obrigado.
Em sua conta no Instagram, André Luiz, que em breve será papai, resumiu o que é ser goleiro:
“A profissão que me ensina diariamente como é ser um homem melhor, ser um pai melhor, ser um cidadão melhor, ser um amigo melhor e um ser humano melhor. Ser goleiro é ser forte, principalmente mentalmente. Ser goleiro não é apenas defender uma bola. Vai muito mais além. Ser goleiro é ser um homem que protege sua casa. É garantir o alimento e um teto para sua família. É defender a família dos seus companheiros. É defender o emprego dos funcionários do clube que atua. É dar esperança onde muitas vezes não há mais. É trazer o sorriso no rosto onde muito tempo não tinha”.
E André Luiz pretende ficar mais tempo sem sofrer gol. A Inter terá dois jogos seguidos em casa, contra Santo André e Patrocinense. Se conseguir passar mais esses 180 minutos sem ser vazado, chegará a marca de 540 minutos. Contando os acréscimos dos dois tempos, esse número passaria dos 600 minutos.
André Luiz entrou para a história como o primeiro goleiro a não ser vazado nos quatro jogos iniciais.
E ele pode bater outro marca, que pertence a dois lendários goleiros da Internacional. Carlinhos Biagioli ficou 529 minutos sem sofrer um gol em 1976. Já Silas, campeão paulista de 1986, ficou 581 minutos sem ser vazado em 1989.
Fora de campo as coisas também andam muito bem para o goleiro leonino. Ele descobriu que será papai e nas redes sociais homenageou sua esposa. Já no treino, colocou uma bola embaixo da camisa para comemorar.