Agora é para valer: Game of Thrones volta para sua oitava e derradeira temporada neste domingo, 14, às 22h na HBO. É o primeiro de seis episódios definidores da história que começou em 2011 (na TV), se tornou o combustível de um boom nas produções ao redor do mundo e ofereceu-lhes um horizonte ambicioso sobre o que é possível fazer em matéria de seriados.
Até o dia 19 de maio milhões de fãs ao redor do mundo saberão o que acontece com Jon Snow, Daenerys Targaryen, Cersei e Tyrion Lannister e o Trono de Ferro; saberão também (provavelmente) o que o Rei da Noite quer; e assistirão, entre outros momentos aguardados com ansiedade desigual, à maior batalha que uma emissora de TV jamais produziu. A expectativa é muito alta.
A série é exibida na HBO – nesse primeiro fim de semana, as operadoras de TV a cabo terão o sinal da emissora aberto – e no HBO Go, o serviço de streaming da empresa na web, ao mesmo tempo, ao vivo.
Thrones fez a indústria toda se dobrar diante dos seus números. Foram 47 prêmios Emmy até aqui, a maior coleção entre produções roteirizadas, uma média de 30 milhões de espectadores por episódio na última temporada nos EUA, recorde absoluto da emissora, e um orçamento de US$ 15 milhões por episódio, valor muito acima do usual na televisão. Ninguém sabe o que vai acontecer – algumas teorias estão na página C3, onde o leitor também vai encontrar Palavras Cruzadas, elaboradas pela editora Coquetel a pedido do Estado especialmente com temas de Thrones.
A série já não segue mais a linha do tempo dos livros do George R. R. Martin (pois ele ainda não escreveu o final, embora tenha papel ativo na produção da HBO), e os segredos do continente fictício de Westeros são muito bem guardados. Na coletiva de imprensa de apresentação da temporada, em Londres, com a presença da reportagem, o que se dizia era que será um final histórico – mas não muito além disso.
Um dos episódios da nova temporada, provavelmente o terceiro, exibirá a batalha muito esperada entre o exército dos mortos, comandado pelo Rei da Noite, e os personagens principais. Apenas a batalha levou a marca impressionante de 55 noites para ser filmada – um helicóptero misterioso sobrevoou as filmagens, em abril de 2018 na Irlanda do Norte, e os showrunners David Benioff e Dan Weiss tiveram de entrar em contato com a autoridade civil de aviação do país. Era a polícia, e os segredos, mais uma vez, permaneceram seguros.
“O final para mim não foi chocante, mas sei que não vai agradar a todo mundo, simplesmente porque é impossível”, disse, em Londres, um cético Conleth Hill (Lorde Varys).
“Não há receio”, garantiu Kristofer Hivju (Tormund), sobre o final da série. “Todo mundo chorou na leitura conjunta dos roteiros. Ao longo dos anos, surgiu uma confiança de que estávamos fazendo o certo e dando o nosso melhor, toda a equipe, do cara que coloca neve no chão aos diretores. Quando se faz isso, o resultado é bom.”
“Foi uma ovação de 10 minutos para David e Dan, gente agradecendo, chorando”, lembrou-se Rory McCann (Sandor Clegane), da leitura conjunta. “Nem todo mundo vai ficar feliz, mas adivinhem, quem escreveu foram eles”, debochou.
“Eu chorei”, riu-se Gwendolie Christie (Brienne de Tarth). “Algo que nunca compreendi de verdade foi o verdadeiro fenômeno global que a série se tornou. Isso é difícil de imaginar. Então você olha para as pessoas e se sente agradecida. É desesperadamente triste acabar agora, mas os fins são assim.”
“Foi emocionante, não achei que seria”, admitiu Carice Van Houten (Melisandre). “Muitas, muitas lágrimas. Foram sete anos da minha vida, tudo isso conectado a essas pessoas e locações”, relembrou.
“Meu dia final foi o último para a maior parte da equipe”, relatou a carismática Maisie Williams (Arya Stark). “Era uma cena em que Arya está sozinha, serena, uma cena cuidadosa, que não é o que eu recebia, geralmente. Me senti frágil. Mesmo agora, quando falo, a ansiedade sobre o fim ainda vem de maneira lenta. Acho que na estreia meus olhos vão pular fora de tanto chorar”, previu.
Em uma das cenas divulgadas nos trailers oficiais da oitava temporada, Arya aparece correndo nas catacumbas de Winterfell, onde seus parentes estão enterrados, e ainda não se sabe de quem – ou do quê.
“Arya sempre foi um sopro de ar fresco. É fácil rascunhar personagens crianças em séries, frequentemente eles são secundários. Aqui, as pessoas percebiam os diálogos divertidos e a vontade dela de quebrar fronteiras do que significava ser uma jovem garota. No começo, esse atrevimento era intrigante. A personagem permaneceu porque a série a empurrou muito longe. Todos sabíamos que ela seria capaz de ser aquilo que ela é”, disse Williams.
A ousadia da personagem talvez fosse apenas um reflexo da série, que ao passar do tempo, e com o crescimento no orçamento, passou a privilegiar cada vez mais imagens espetaculares de dragões no céu e batalhas sanguinárias. De qualquer forma, sempre é possível tirar de Thrones reflexões profundas sobre o que significa ser um bom líder no mundo, e isso nunca é pouco.