Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi alvo de mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (12), durante a operação que investiga fraudes em licitações públicas e desvios de recursos envolvendo a empresa Life Tecnologia Educacional, com sede em Piracicaba (SP).
Segundo as investigações, Carla teria atuado como lobista e intermediária, influenciando decisões em órgãos públicos, especialmente no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação, e em administrações municipais. A operação não incluiu mandado de prisão contra ela.
Ela foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho de Lula com a ex-primeira-dama Marisa Letícia, e é mãe de um neto do presidente. A PF aponta que ela teria defendido os interesses da empresa Life e de seu proprietário, André Mariano, preso na operação, em processos de liberação de verbas e contratos.
Dados obtidos pela PF indicam que Carla realizou diversas viagens a Brasília, algumas das quais acompanhada de Mariano ou utilizando seus dados pessoais. Os dois também mantinham contato frequente, com registros de encontros em agendas pessoais e anotações que indicam reuniões com fins estratégicos, como tentativa de regularização da empresa e busca por contratos públicos.
A investigação também cita que Carla teria utilizado dados cadastrais de Kalil Bittar, outro investigado e ex-sócio de um dos filhos de Lula. Kalil é filho de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas.
De acordo com a PF, Carla também teve atuação nos contratos da empresa Life Educacional com prefeituras, com destaque para o município de Hortolândia (SP). A investigação aponta que, com apoio do vice-prefeito Carlos Augusto César (Cafu) e do então secretário de Educação Fernando Gomes de Moraes, a empresa teria vencido o Pregão Eletrônico nº 43/2025, com indícios de direcionamento de licitação.
A Life teria recebido cerca de R$ 70 milhões em contratos com três prefeituras, incluindo Hortolândia. A apuração indica que o edital listava livros que só poderiam ser fornecidos pela empresa, o que acabou favorecendo sua contratação. Carla teria participado da articulação para garantir a vitória da empresa nos certames.
Mandados foram cumpridos em sete cidades
A operação da Polícia Federal cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão preventiva em sete localidades, incluindo Hortolândia, Sumaré, Limeira, Piracicaba, Campinas, além do Distrito Federal e Paraná.
As investigações apuram os crimes de corrupção, fraude em licitação, peculato, lavagem de dinheiro, contratação irregular e organização criminosa.
O que dizem os citados
A Prefeitura de Hortolândia afirmou que aguarda acesso ao conteúdo da investigação para avaliar possíveis medidas. A defesa do vice-prefeito Cafu informou que irá tomar providências legais após análise do inquérito. Já a Life Tecnologia Educacional, empresa no centro da investigação, informou que não irá se manifestar.



