Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Sorbonne publicado nesta terça-feira (6) na revista científica “BMJ” aponta que o consumo de adoçantes artificiais é um fator que pode contribuir para a ocorrência de doenças cardiovasculares, como infarto, trombose e derrame.
O estudo envolveu mais de 100 mil pessoas na França e os pesquisadores concluíram que há uma “conexão direta” entre a incidência aumentada dessas doenças e a ingestão de três tipos de adoçantes artificiais, sendo eles, aspartame, acessulfame de potássio e sucralose.
A maioria dos estudos preexistentes demonstraram efeitos adversos, e poucos resultados foram neutros ou sugeriram que há efeitos benéficos no consumo de adoçantes.
Na pesquisa realizada pela Universidade de Sorbonne, a metodologia não tinha como meta desvendar como os adoçantes causam as doenças, mas mostrar se eles estavam presentes na dieta dos grupos que mais sofreram doenças cardiovasculares.
Ao fim, os pesquisadores apresentam quais os tipos de adoçantes mais consumidos, de quais fontes (os dois principais modos de ingestão foram refrigerantes e adoçantes de mesa) e a incidência de doenças entre seus consumidores.
Os pesquisadores ressaltam que adoçantes não são uma alternativa mais saudável ou segura do que a ingestão de açúcar. Segundo eles, os resultados apontam que os adoçantes artificiais podem representar um fator de risco alterável para a prevenção de doenças cardiovasculares.
O estudo se baseou em um relatório alimentar feito por 103.388 adultos, com uma média de 42 anos. Todos eram participantes do grupo de estudos NutriNetSanté, lançado em 2009 na França e que seguiu em execução até 2021.
Cada um dos selecionados indicou os alimentos e bebidas consumidos em todas as refeições realizadas durante três dias da semana (dois dias úteis e um dia do final de semana). Depois dos dois primeiros anos de acompanhamento, foi calculada a média alimentar de cada pessoa para obter dados sobre a dieta consumida.
Ao todo, durante o tempo restante do acompanhamento, que foi realizado por mais nove anos, foram contabilizados 1.502 eventos cardiovasculares entre os voluntários.
A pesquisa colocou em números a maior incidência de doenças entre os adeptos dos adoçantes artificiais: no grupo que consumiu adoçantes, o risco de doença cerebrovascular em taxas absolutas foi de 195 a cada 100 mil pessoas, enquanto o número caía para 150 por 100 mil entre os não consumidores.
A ingestão de aspartame foi associada ao aumento do risco de eventos cerebrovasculares (186 e 151 por 100 mil, respectivamente entre consumidores e não consumidores), enquanto a sucralose foi associada ao aumento do risco de doença coronariana (271 e 161 por 100 mil, respectivamente).