A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (25) uma operação para desarticular um esquema de corrupção envolvendo agentes públicos e particulares em São Paulo. A ação, que inclui três mandados de prisão e nove de busca e apreensão, tem como um dos alvos o piloto Roberval Andrade, campeão da Fórmula Truck e da Copa Truck, investigado por lavagem de dinheiro e corrupção. A operação é um desdobramento das investigações relacionadas à delação de Antonio Vinicius Gritzbach, corretor de imóveis executado em 2023.
Entre os presos estão dois investigadores da Polícia Civil de São Paulo: Sérgio Ribeiro, da Divisão de Crimes Contra a Administração, e Marcelo Marques de Souza, o “Bombom”, do Decap, já preso desde o ano passado. A terceira prisão é a de Roberval Andrade, conhecido no automobilismo brasileiro. Os três são suspeitos de participação em um esquema de recebimento de propinas para favorecer criminosos com informações sigilosas e manobras ilegais.
A operação mira, ainda, o advogado Anderson Domingues — defensor de lideranças do PCC como André do Rap —, além do empresário Rogério Giménez e o contador Júlio Mocarzel. Segundo a PF, Domingues teria intermediado o retorno de um helicóptero apreendido, avaliado em R$ 700 mil, pertencente a Andrade, com apoio dos investigadores. A restituição do bem, apreendido em 2022 por estar a serviço do PCC, envolveu fraude documental.
Bens de luxo, armas e dinheiro apreendidos
Durante a operação, os agentes apreenderam carros de luxo, dinheiro em espécie, armas (incluindo fuzis e pistolas) e um helicóptero. As ordens judiciais foram cumpridas na capital paulista, na Grande São Paulo e no litoral. A aeronave Augusta AW109, associada ao PCC, foi o estopim para a operação batizada de Augusta, nome inspirado no modelo do helicóptero que teria sido negociado de forma ilegal.
As investigações revelam ainda o uso de documentos falsos para solicitação da restituição de bens apreendidos, além de favorecimento irregular de investigados em inquéritos policiais. Estima-se que os bens e recursos movimentados no esquema somem até R$ 12 milhões.
Operação Augusta: desdobramento de caso ligado ao PCC
A operação Augusta é um desdobramento da Operação Tácitus, deflagrada em dezembro do ano passado, que apurou a participação de policiais em um esquema de manipulação de investigações e venda de proteção a criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital. A delação de Antonio Gritzbach, executado em novembro de 2023 no Aeroporto de Guarulhos, foi peça central para a deflagração dessa nova etapa das investigações.
Além da Polícia Federal, participam da operação o GAECO (Ministério Público de SP), a Polícia Militar e a Corregedoria da Polícia Civil. As investigações seguem sob sigilo, e os alvos poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, advocacia administrativa e falsidade documental.