A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo está promovendo uma campanha de conscientização sobre a escoliose, uma condição que afeta cerca de 4% da população brasileira, especialmente adolescentes, e que pode levar a complicações crônicas e comprometimento dos órgãos. Em 27 de junho, celebrou-se o Dia Internacional da Conscientização sobre a Escoliose Idiopática, evento marcante da campanha global conhecida como Junho Verde. De janeiro a abril de 2023, a Secretaria registrou 11.845 atendimentos ambulatoriais e hospitalares relacionados à escoliose.
De acordo com o Dr. João Neto, médico ortopedista do Hospital Estadual Vila Alpina, é fundamental que os casos de escoliose sejam diagnosticados e tratados precocemente, visando uma melhor evolução e estabilização da curvatura. No entanto, é importante ressaltar que a escoliose não pode ser totalmente revertida, apenas controlada.
A escoliose idiopática é o tipo mais comum, representando 80% dos casos, e não possui uma causa conhecida. Globalmente, entre 2% e 3% da população apresenta curvaturas na coluna acima de 10°. Além da escoliose idiopática, existem outros tipos menos comuns, como a congênita (causada por alterações na formação da coluna durante o desenvolvimento fetal), a neuromuscular (associada a doenças do sistema nervoso) e a degenerativa (ocasionada pelo desgaste das vértebras, mais comum em idosos). Também há relatos raros de escoliose como complicação pós-operatória de cirurgias na coluna. As formas graves de escoliose, com curvaturas superiores a 40°, afetam cerca de 0,2% da população mundial.
É importante destacar que a escoliose não é causada por má postura ou permanência prolongada em uma única posição. A deformidade ocorre devido ao encurtamento da coluna vertebral e geralmente é detectada durante os períodos de crescimento rápido, especialmente entre os 10 e os 16 anos de idade. Em 2018 a 2020, a faixa etária dos 10 aos 16 anos representou aproximadamente 43% dos atendimentos ambulatoriais. Em 2021 e 2022, essa proporção aumentou para 49%, e até abril de 2023, corresponde a 48%. A escoliose é mais comum em meninas e geralmente é percebida por pais, professores e instrutores de atividades físicas, devido à assimetria nos ombros, cintura ou deformidades no tórax e nas costas.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais, uma vez que a escoliose é uma condição progressiva. Casos leves identificados na infância podem ser tratados com fisioterapia e atividade física, mas é recomendado um acompanhamento contínuo ao longo da vida, pois o envelhecimento natural da coluna e doenças como a osteoporose podem agravar a curvatura. Em casos moderados, o uso de coletes ortopédicos e palmilhas pode ser recomendado, enquanto os casos mais graves podem exigir intervenção cirúrgica para evitar um aumento significativo da curvatura.
Na maioria dos casos, a escoliose não causa dor ou desconforto, especialmente em casos leves a moderados. No entanto, se houver desconforto significativo, o uso de anti-inflamatórios e analgésicos pode ser indicado. Além disso, é importante manter uma rotina de atividades físicas regulares, fortalecer os músculos das costas e realizar alongamentos. Manter um peso adequado para altura e idade, escolher calçados adequados e evitar saltos muito altos também são medidas recomendadas para evitar a pressão excessiva na coluna.
A conscientização sobre a escoliose é fundamental para garantir a identificação precoce e o tratamento adequado. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo está empenhada em promover a saúde da população e continuará investindo em ações de prevenção e tratamento de doenças que afetam a sociedade.