Em entrevista ao jornalista Lucas Claro, do Rápido no Ar, o presidente da Câmara Municipal de Limeira, Everton Ferreira (PSD), falou sobre temas importantes para o município, como a reforma do prédio do Legislativo, a situação financeira da cidade e os desafios da gestão pública. Vereador mais votado pelo PSD nas últimas eleições, com 2.760 votos, Everton destacou a necessidade de modernização da Câmara e abordou os impactos das políticas econômicas adotadas pelo prefeito Murilo Félix (PSD).
Reforma da Câmara e novo modelo de gestão
Durante a entrevista, Everton Ferreira explicou que a mudança temporária da Câmara para o antigo prédio da Faculdade Anhanguera foi necessária para permitir a reforma e ampliação da sede do Legislativo. Segundo ele, a estrutura anterior apresentava problemas significativos, como falta de ventilação adequada, acessibilidade precária e um plenário pequeno para a população de Limeira.
O projeto de modernização prevê que a nova sede não precisará de intervenções significativas por pelo menos 20 a 30 anos. Ferreira ressaltou que os custos da mudança provisória e da reforma foram cobertos por medidas de redução de gastos, como a renegociação de contratos de telefonia e internet.
“Estamos fazendo com um modelo modular, que permitirá futuras adaptações sem necessidade de grandes obras”, explicou.
Dívida municipal e impacto na economia local
Outro ponto abordado foi a dívida do município. Ferreira esclareceu que Limeira possui uma dívida de longo prazo de aproximadamente R$ 700 milhões, sendo R$ 280 milhões referentes a custeio e R$ 420 milhões a obras. O presidente da Câmara destacou que parte dessa dívida vem de gestões anteriores, incluindo precatórios (dívidas judiciais já transitadas em julgado) e empréstimos para infraestrutura.
Entre os investimentos realizados com financiamentos, Ferreira citou obras viárias, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e a substituição da iluminação pública por lâmpadas de LED. Ele enfatizou que, apesar do endividamento, Limeira tem uma economia saudável e capacidade de pagamento, diferentemente de outras cidades que enfrentam dificuldades fiscais severas.
Ele também mencionou a decisão do prefeito Murilo Félix de suspender por 90 dias o pagamento de fornecedores, uma medida que, segundo ele, visa reavaliar os contratos e garantir equilíbrio financeiro.
“O modelo do prefeito é zerar os restos a pagar e não permitir que novas dívidas se acumulem. A ideia é sacrificar agora para obter um benefício futuro”, afirmou.
Reflexão sobre política e papel do legislador
Everton Ferreira também fez uma análise sobre a relação entre a política e a sociedade, destacando que os representantes eleitos refletem os valores da população. Para ele, a melhoria da política passa pela educação e conscientização dos eleitores, e não apenas por mudanças pontuais nos governos.
“O político não vem de Marte, ele vem da nossa comunidade. Se queremos mudanças na política, temos que mudar a nossa cultura e o nosso comportamento enquanto cidadãos”, disse.
Ao abordar a divisão dos recursos públicos, Ferreira criticou o modelo de arrecadação tributária do Brasil, onde o governo federal retém a maior parte dos impostos (cerca de 50%), enquanto os estados ficam com aproximadamente 32% e os municípios com apenas 18%.
“Os municípios são os que mais precisam de recursos, porque é aqui que a população busca saúde, educação e segurança. Mas são os que menos recebem”, pontuou.
Expectativas para o futuro de Limeira
Ao final da entrevista, Ferreira reforçou que, apesar dos desafios, Limeira está longe de uma crise financeira. Ele destacou que a cidade possui um Fundo Previdenciário Municipal (IPML) robusto, com quase R$ 1 bilhão em caixa, e que a gestão atual busca equilibrar as contas sem comprometer investimentos futuros.
“A cidade tem um grande potencial e uma economia forte. O momento exige ajustes, mas Limeira não está falida, muito pelo contrário. Com as medidas adotadas, em quatro a seis meses, a situação financeira estará equilibrada”, concluiu.