O médico Drauzio Varella e a TV Globo foram condenados em primeira instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) a pagar R$ 150 mil por danos morais ao pai de um menino morto pela travesti Susy Oliveira. A ação foi baseada na entrevista com a detenta, exibida pelo programa “Fantástico” em março de 2020.
Suzy foi condenada por homicídio da criança, de 9 anos. Ela estuprou e matou a criança por estrangulamento, além de deixar o corpo apodrecer por 48 horas na sala de sua casa, antes de confessar o crime. No momento da entrevista, ela disse estar sem receber visitas há 8 anos, já que cumpre em regime fechado pena por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável.
O pai da vítima foi quem moveu a ação contra o médico e a emissora. O médico e a emissora ainda podem recorrer da decisão judicial.
Quando a entrevista foi exibida no Fantástico, contando a vida de preconceito e abandono de detentas transexuais que estão em unidades prisionais masculinas, gerou comoção social. O destaque foi para um abraço dado por Drauzio na mulher, emocionado com sua situação de solidão. Porém, pouco tempo depois, veio à tona o crime cometido por Susy, que chocou o público e gerou discussões a respeito da reportagem.
A DECISÃO
“Julgo parcialmente procedente o pedido inicial para condenar solidariamente os requeridos ao pagamento ao autor de indenização por danos morais no importe de R$ 150.000,00 devidamente corrigido e acrescido de juros de 1% ao mês”, diz a decisão do Tj-SP, que foi assinada pela juíza Regina de Oliveira Marques.
O texto também afirma que o pai do garoto “sofreu novo abalo psicológico ao reviver os fatos em razão da exposição e do tratamento dado a presidiária em questão” e que Suzy “foi alvo de piedade social” dada a “grande repercussão da matéria”.