O deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania) está propondo o uso de uma vacina para o combate à Cracolândia, em São Paulo (SP). Trata-se da Calixcoca, que está prestes a ser testada em humanos e pode ser um instrumento crucial no combate ao vício por crack e cocaína.
Zimbaldi convidou o médico Frederico Garcia, responsável pelo desenvolvimento do imunizante na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para compartilhar informações sobre a vacina na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Epidemia do Crack.
A ideia é que o pesquisador apresente os avanços do imunizante, que se mostrou capaz de bloquear o efeito das substâncias ativas das drogas durante os testes pré-clínicos com ratos. Caso aprovada para uso em humanos, a vacina pode se tornar uma ferramenta importante no combate à Cracolândia, que há anos abriga uma população em situação de rua com grave dependência química.
Segundo o deputado, o crack, a cocaína e outras drogas correlatas representam um problema complexo, que afeta a saúde pública, segurança, assistência social e direitos humanos. A Cracolândia é o símbolo dessa realidade triste, e o deputado vê na vacina Calixcoca uma possibilidade viável de solução. “Nos testes realizados até o momento, os anticorpos produzidos pela Calixcoca criaram, a partir de uma molécula sintética, uma barreira, que impediu que a cocaína fosse levada pelo sangue para o sistema nervoso central. Essa é uma ótima notícia, uma vez que a vacina interrompe o mecanismo que provoca a compulsão pela droga”, adianta Zimbaldi.
Os avanços do medicamento também chamaram a atenção do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que anunciou uma parceria para o desenvolvimento integrado da Calixcoca.
Os próximos passos envolvem a avaliação da aplicação da vacina em grupos elegíveis, incluindo os dependentes químicos em fase de recuperação. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 11% da dependência química no Brasil são atribuídos a dependentes de crack e cocaína.
A proposta da vacina contra o crack gera discussões sobre sua eficácia e possíveis impactos na abordagem do problema da Cracolândia. Resta aguardar os resultados dos testes em humanos e as decisões a serem tomadas com base nessas evidências científicas.