O delegado da Polícia Federal Mauro Sérgio Salles Abdo foi baleado na manhã desta segunda-feira, 14, dentro da própria casa, no Morumbi, na zona sul de São Paulo, nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, durante uma tentativa de assalto. Ele foi socorrido e morreu no hospital.
Dois homens foram detidos, um deles atingido na troca de tiros com Abdo. O criminoso baleado havia recebido o benefício da saída temporária da prisão para o Dia das Mães na última sexta-feira, dia 11.
Segundo o major da Polícia Militar Marcelo Tasso, os dois bandidos relataram ter entrado no fim da tarde de domingo, 13, em um imóvel abandonado ao lado da casa do delegado. Eles pretendiam fazer um furto na residência, mas não encontraram nada de interesse. Por isso, decidiram pelo roubo a outro imóvel na manhã seguinte.
Por volta de 7h de segunda-feira, eles pularam o muro entre as duas casas e encontraram o delegado na cozinha, onde tomava café Salles Abdo estava em casa com a mulher e a filha, de 16 anos. O delegado reagiu, atirando contra a dupla. Atingiu um deles na perna e no antebraço. Eles revidaram e acertaram três disparos no policial.
Em seguida, os bandidos escaparam separados. O homem baleado voltou para a casa abandonada. Já o outro fugiu para casas vizinhas, pulando muros. Ele, que deixou a prisão em 2011 após passagens por roubo e furto, entrou em pelo menos cinco residências antes de ser preso. Os dois são de Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
A polícia ainda investiga se há mais envolvidos no crime. A Secretaria de Administração Penitenciária disse que o ferido cumpre pena em regime semiaberto e preenchia “os requisitos necessários” para a saída temporária, conforme a Justiça.
Vizinho
Antonio Carlos Barros, de 67 anos, é o dono do imóvel invadido pelos bandidos no domingo, ao lado da casa de Salles Abdo. Segundo ele, a residência está vazia, mas ele dorme no local para evitar que seja depredado.
“Estou tentando vender a casa há seis meses. Nesse tempo, ela já foi invadida cinco vezes. Por isso, passei a dormir aqui. Se fica desocupada, quebram tudo”, diz ele, que deixa no local um bilhete para eventuais ladrões, informando que a casa não tem nada e sobre a existência de câmeras de segurança.
Ele conta ter chegado em casa por volta das 20h de domingo e não ter escutado ou visto nada.
Na segunda, acordou às 4h e saiu às 5h10 para uma consulta médica. “Saio sempre muito cedo. Tenho uma lanterna para vistoriar o lado de fora e a garagem antes de sair. Não vi nada”, disse. Segundo Barros, a casa do delegado já tinha sido assaltada duas vezes nos últimos anos. A residência tem portão elétrico, cerca elétrica, alarme e um cachorro. “Temos todo um aparato de segurança e mesmo assim não estamos seguros”, reclama
Outros moradores também relatam crescente sensação de insegurança. “Aumentamos os muros, depois colocamos cerca elétrica, câmeras. A cada novo assalto na residência, investimos em mais segurança”, diz uma aposentada, de 68 anos, que não quis se identificar.
“O Morumbi tem muitas mansões abandonadas, por diversos motivos, o que atrai pessoas mal intencionadas de fora, como é o caso desses dois”, explica o major Tasso. A sensação de insegurança, de acordo com ele, se deve à repercussão dos casos na região. Mas os índices de criminalidade, diz, caíram nos últimos anos.
Reações
Em nota, a PF de São Paulo manifestou “pesar”. Com mais de 32 anos de PF, Abdo era da delegacia de Repressão e Combate aos Crimes Previdenciários. Já o Sindicato dos Delegados de PF paulista disse acompanhar o caso, para que os responsáveis “sejam responsabilizados e encarcerados”.