Puma, de 17 anos, é a integrante mais velha da Patrulha Canina. A cachorra idosa, de pelagem alvinegra, talvez um pouco acima do peso, tem câncer na cabeça e é cuidada pela protetora de animais Solange Pinto Voga, responsável por abrigar cães e gatos, em sua própria casa na Vila Camargo. “Eu prometi que vou cuidar dela até ela morrer”, garantiu a protetora.
O abrigo, que ganhou o nome de um conhecido filme infantil, recebeu na tarde desta sexta-feira, 22 de outubro, a visita da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Estiveram presentes os vereadores Airton do Vitório Lucato (PL) e Tatiane Lopes (Podemos), além de assessores parlamentares.
Um dos motivos que levou os vereadores até a casa da protetora é o pedido do Ministério Público, segundo ela, para que seja instalado no local onde moram os animais um piso impermeabilizante. O valor estimado por Solange para atender essa demanda e colocar um piso diferenciado no quintal de terra de cerca de 200 metros quadrados é de R$ 40 mil. E ela não tem esse valor para investir. “O que vai ser feito, o que vai acontecer eu não sei”, disse aos vereadores, com a voz embargada e os olhos marejados. “Quero uma solução, quero viver em paz, fazendo o que sempre faço”, completou.
Na patrulha, além de Puma, estão 50 animais mais velhos e outros 11 filhotes recém resgatados no horto florestal. Ela chama cada um deles pelo nome, de filho ou filha. Os machos são todos castrados, mas, em relação às fêmeas, somente as que tiveram câncer passaram pelo processo de castração, pois o custo é maior para as fêmeas. Os animais recebem abrigo (casinha), água limpa e ração.
Conforme Tatiane, o poder público, por meio do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, não tem condições de abrigar essa quantidade de animais. Lá também já está sobrecarregado. “Você fez um papel que, infelizmente, o poder público não fez”, ressaltou a vereadora.
Durante a visita, a parlamentar sugeriu à cuidadora que fizesse seu cadastro como protetora junto ao Departamento de Bem-Estar Animal, para resguardar seu trabalho. Também aconselhou a fazer a microchipagem dos animais, que é feita de forma gratuita pela Prefeitura, e produzir uma lista das fêmeas que ainda precisam de castração. Por fim, recomendou que as doações sejam feitas por meio de um termo, para oficializar a entrega.
Em relação ao solo, a Comissão decidiu que vai buscar informações sobre qual regra e critério se sustenta esse pedido do Ministério Público.
A vereadora observou que, pela quantidade de animais, não identificou ruídos acima do permitido. “O barulho é muito tranquilo”, disse. Ela também afirmou que o Código Municipal de Defesa dos Animais de Limeira (Lei 6.260/2019) não determina a quantidade de animais que uma residência pode abrigar, mas apenas a qualidade do local em que se encontram. “E aqui está claro que estão bem cuidados”, certificou.
Para seguir cuidando dos animais, os filhotes estão para doação e ela também recebe doações, de ração e de outros insumos, como frango. Também recebe apoios. Enquanto limpa o rosto machucado de Puma pelo avanço da idade e da doença com um pano umedecido, Solange sorri, agradece a solidariedade prestada pela Comissão e garante: “Eu não vou desistir.”