O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (7), por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, levando os juros básicos da economia brasileira para 14,75% ao ano. Esta é a maior taxa desde agosto de 2006 e marca a sexta alta consecutiva promovida pelo BC no atual ciclo de aperto monetário.
Pressões inflacionárias e incertezas globais
O aumento da Selic ocorre em meio à alta nos preços dos alimentos e da energia, além das incertezas relacionadas ao cenário econômico internacional. Segundo o Copom, a decisão exige “cautela adicional” e não houve indicação clara sobre os próximos passos da política monetária.
O comunicado do comitê destacou que a continuidade do ciclo dependerá da evolução da inflação e de dados econômicos futuros. “O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda prudência e flexibilidade”, afirmou o texto.
Inflação segue acima da meta
A principal função da Selic é conter a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A prévia de abril, o IPCA-15, ficou em 0,43%, com acúmulo de 5,49% em 12 meses, acima do teto de 4,5% definido pelo sistema de metas contínuas.
O BC prevê que o IPCA encerrará 2025 em 4,8%, ainda acima do limite da meta. O mercado, por sua vez, estima um índice de 5,53% até o fim do ano, segundo o Boletim Focus. No último Relatório de Inflação, o BC projetava uma alta de 5,1% para o ano.
Impacto no crédito e no crescimento
A elevação dos juros tem impacto direto no custo do crédito e nas expectativas de crescimento. Juros mais altos reduzem o consumo e a produção, contribuindo para conter a inflação, mas também limitam a expansão da economia. A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 foi revisada para 1,9% pelo BC, enquanto o mercado projeta 2%.
A Selic também influencia o rendimento dos títulos públicos e serve de referência para todas as demais taxas da economia, afetando desde o financiamento habitacional até o rotativo do cartão de crédito.