Um dos líderes do São Paulo desde o ano passado, o zagueiro Bruno Alves demonstra personalidade também fora de campo e tem acompanhado tudo que acontece em relação ao novo coronavírus com um olhar mais atento. Enquanto aguarda ansiosamente pela volta do futebol brasileiro, o defensor, que fez parte da seleção do Campeonato Paulista no ano passado, projeta o que será do mundo após a pandemia e como o seu time estará de volta nos gramados.
Em entrevista, o zagueiro – que no meio do ano passado, renovou o contrato até 2023 -, comenta que tem filtrado os noticiários sobre a covid-19, por causa de informações distorcidas, admite que a boa fase não é surpresa para ele, já que tinha certeza que daria certo no São Paulo quando tivesse oportunidade, e ainda falou sobre seleção brasileira, volta do futebol e seu estilo de ser líder, que tanto tem agradado ao técnico Fernando Diniz.
Bruno, como tem visto a pandemia do novo coronavírus?
Procuro estar atento, mas também filtrando bem as informações que chegam. Às vezes tem muita coisa distorcida, aí o melhor é evitar ficar vendo toda hora. Mas estamos acompanhando as situações. Eu tenho dois filhos pequenos (Henry Miguel (3 anos) e Helena (6 meses de idade)) e minha mulher (Daniela) e eu sempre estamos de máscara, mesmo aqui em casa. Limpo direto as mãos, usando álcool em gel, para evitar o contágio e a disseminação do vírus. É uma situação triste, tem muita gente sofrendo, então é torcer para que tudo possa melhorar o mais rápido possível.
O que acha da volta dos jogos no Brasil? Acredita que estamos preparados para isso?
Acredito que, quando voltar, todos nós vamos estar mais preparados para enfrentar essa situação. Isso, claro, quando as autoridades liberarem o futebol. Nós vamos procurar manter os cuidados e a proteção. Esperamos que isso possa ser resolvido o mais rápido possível, mas com segurança. Saúde esta em primeiro lugar, não só no futebol, mas para a vida de qualquer um, em qualquer profissão. Temos de seguir com o cuidado redobrado para todos voltarem bem, para as pessoas poderem voltar a seguir com suas vidas normalmente. E o futebol entra nesse contexto.
Você chegou sem alarde, conquistou seu espaço e hoje é um dos alicerces da defesa do São Paulo, setor que, sem dúvida, é o que mais funciona na equipe. A que se deve essa evolução?
Quando cheguei ao São Paulo, cheguei com os pés no chão, sabendo que no início eu teria poucas oportunidades e teria que aproveitar da melhor forma. Sempre trabalhei forte no dia a dia, dando meu máximo, porque sabia que, quando chegasse a oportunidade, eu aproveitaria. Eu era convicto que ia colher o que estivesse plantando. O dia a dia sempre foi com muita entrega, dedicação, procurando evoluir, ouvir todo mundo que me dava conselho e procurava me ajudar. Agora, fico feliz por estar jogando, com sequência, sendo reconhecido pelo clube, pelos companheiros e pelos torcedores. Estou em trabalho que é muito difícil, é muita pressão, e a torcida do São Paulo é exigente, apaixonada, então tudo fica maior. Fico feliz de estar correspondendo à altura. Fico feliz pelo carinho dos torcedores, não só por mim, mas também pela minha família. Vejo muitas mensagens positivas pelas redes sociais e pessoalmente no CT, no estádio. Fico bastante contente.
O técnico Fernando Diniz já disse que você é um dos líderes do elenco e sempre dá conselho para os mais jovens. É assim mesmo?
Vejo isso com muita alegria e satisfação. O Fernando Diniz sempre conversa comigo sobre esse papel que eu tenho dentro do time, dentro do elenco e essa liderança que carrego hoje. Procuro estar sempre conversando com mais jovens, até pela experiência que tive na minha carreira. Eu vim lá de baixo, de equipes menores, e hoje poder estar no São Paulo é um sonho muito grande. Procuro aproveitar da melhor forma possível todos os dias. Eu falo para os meninos que hoje em dia eles podem sair de Cotia, que é uma das melhores estruturas de base do Brasil e do mundo, e chegar direto no profissional do São Paulo. Isso é algo muito especial e precisa saber aproveitar.
Você diz na questão de não passar por times menores antes de chegar ao São Paulo?
Sim. É para aproveitar da melhor forma possível, viver tudo isso, almejar coisas grandes aqui dentro, querer ser campeão. Depois, então, podem pensar em seguir carreira de Europa, chegar à Seleção Brasileira. Tudo isso será consequência do trabalho no São Paulo. Eles podem ter uma carreira de muito sucesso, conquistando muitos títulos com a camisa do São Paulo e, depois, podem sonhar com Europa, seleção brasileira, além de outros objetivos. Mas uma coisa por vez.
Por falar em seleção brasileira, você tem 29 anos. Acha que ainda dá para ter uma chance?
Todo atleta tem o sonho de jogar na seleção brasileira e eu não sou diferente e nem poderia ser. Trabalho todos os dias para conquistar títulos pelo São Paulo e marcar meu nome. Tenho certeza de que, com títulos aqui, eu com certeza estaria mais perto da seleção brasileira. É um passo de cada vez. Passando por essa etapa de grandes feitos no clube, acho que posso estar mais perto da seleção.
O São Paulo vinha embalado no Paulistão, inclusive com uma vitória sobre o Santos. Teme que essa parada possa fazer o time perder o foco?
Não, o foco não vamos perder. Como eu disse no início, está todo mundo sofrendo com essa pandemia. Então vai afetar a todos. Agora estamos nos preocupando com a saúde e depois, quando voltarmos aos treinos no CT, voltaremos à rotina de grupo. É procurar recuperar a forma e voltar aos trabalhos táticos e técnicos. Vamos procurar dar continuidade ao que vinha sendo feito. Atleta tem que estar sempre se adaptando, então acredito que esse seja mais um desafio que a gente tenha que superar. Vamos tentar voltar ao mesmo ritmo, ou ao mais próximo possível, que estávamos antes da parada.