Em dia bem positivo em Nova York, com S&P 500 e Nasdaq em novas máximas históricas – apesar da fraca leitura sobre a geração de empregos no setor privado dos EUA, antes do resultado oficial de agosto sobre o mercado de trabalho americano, na sexta-feira -, o Ibovespa, sem catalisadores domésticos de peso, travou nesta quarta-feira parte da alta da sessão anterior, quando saiu dos 99 mil pontos para retomar sem escala os 102 mil pontos, em avanço bem disseminado por empresas e setores, deixando margem para o ajuste subsequente.
Assim, neste meio de semana, véspera do encaminhamento pelo governo da proposta de reforma administrativa ao Congresso, o principal índice da B3 fechou em baixa de 0,25%, aos 101.911,13 pontos, tendo chegado a 100.871,79 (-1,27%) na mínima do dia, saindo de máxima a 102.823,88 pontos, com abertura a 102.168,42 e giro financeiro fraco, a R$ 22,1 bilhões no encerramento.
Na semana, o Ibovespa cede agora 0,23% e, no ano, 11,88%. O ganho nestas duas primeiras sessões de setembro foi nesta quarta a 2,56%, após o avanço de 2,82% no dia anterior, que havia sido o maior desde 8 de junho (3,18%).
No fechamento desta quarta, após ter ensaiado realização mais forte por volta das 13h30, o índice se distanciou da mínima da sessão, quando se deu, ligeiramente, “uma pontada na primeira linha, especialmente Vale e siderurgia, que acabou levando o Ibovespa junto, com a margem proporcionada pela boa alta de ontem”, diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.
No encerramento, Vale ON mostrava moderada perda de 0,71%, com Gerdau Metalúrgica em baixa de 1,53% e Gerdau PN, de 1,05%. Ajustes menores foram observados em Petrobras PN (-0,31%) e ON (-0,26%), apesar de dia mais negativo nos preços do petróleo, em queda de 2,52% para o Brent de novembro na ICE.
Na ponta positiva do Ibovespa, Fleury fechou nesta quarta em alta de 6,61%, após a empresa lançar a Saúde iD, unidade de tecnologia que fará atendimento a uma base de clientes que, na primeira fase, chega a 7 milhões de pessoas – logo após Fleury, Totvs fechou em alta de 3,47%, Hypera, de 3,42%, e Eletrobras ON, de 3,40%. No lado oposto, Suzano cedeu 4,13%, seguida por Cosan (-3,16%) e Klabin (-2,68%).
“Faltou ‘driver’ na sessão, de forma que facilitou a realização de lucros, em momento em que o Ibovespa tem se mantido lateral. Para se afastar deste nível mais consolidado em que tem persistido, precisará, mais à frente, de uma temporada de bons resultados corporativos no terceiro trimestre, que reflitam a melhora que tem sido observada em diversos indicadores, como os de varejo”, diz Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. “Será preciso acompanhar também como ficará o consumo daqui ao fim do ano, com a redução do auxílio emergencial a R$ 300”, acrescenta.
“Há muita expectativa para o que de fato virá nesta proposta de reforma administrativa, já aparecem sinais de que o funcionalismo deseja conversar com o governo. Sabemos que, assim como o teto de gastos, as reformas são essenciais à estabilidade fiscal, e a preocupação com este aspecto tem mantido o mercado doméstico sem correlação com Nova York, que tem avançado especialmente sob o impulso das ações de tecnologia”, observa a analista Sandra Peres, da plataforma digital TradeMap.