Artigo por Adriano Souza*
Existem vários fatores que roubam nossa atenção e comprometem a gestão eficaz do nosso tempo todos os dias: celular, redes sociais, excesso de reuniões, distrações de todo tipo. Mas nenhum, talvez, seja tão traiçoeiro como a procrastinação. Aquele hábito de deixar para depois o que é importante fazer ou resolver no momento, ainda que isso possa gerar culpa, ansiedade, estresse e frustração. Mas por que fazemos isso?
Geralmente procrastinamos algo que não é prazeroso fazer. Que gera desconforto por inúmeras razões. Pode ser uma atividade complexa que consideramos difícil e nos sentimos incapaz de finalizá-la. Ou algo que nos remete a uma lembrança dolorosa, despertando uma necessidade de fuga. Ou, ainda, uma tarefa que exige uma habilidade específica, um novo aprendizado, algum conhecimento que precisamos desenvolver.
Esse é o perigo de estarmos acomodados numa zona estável. Tudo o que nos desafia pode nos bloquear por insegurança, medo do fracasso. E para não ter que lidar com essa frustração, permanecemos na inércia, ou seja, adiando a ação.
Seja qual for o motivo, é importante refletir sobre o que alguns estudos já reforçam a respeito do que há por trás da procrastinação: essa síndrome do “depois eu faço”, que nos leva a adiar projetos e decisões importantes para nosso crescimento, está relacionada à inabilidade de gerenciar emoções.
Todos nós procrastinamos algo. Mas torna-se preocupante quando essa situação é constante, gerando impactos negativos na saúde física e mental. Por isso, mais do que gerenciar tempo, quando falamos sobre a dificuldade de concluir tarefas é importante aprender a reconhecer suas emoções e a lidar com elas.
Por ora, procure tomar consciência dos verdadeiros motivos da procrastinação: que gatilhos estão gerando essa atitude? Quais são os medos e inseguranças que podem estar por trás desse bloqueio? É preciso muita disciplina e determinação para quebrar esse ciclo vicioso, muitas vezes inconsciente.
Admitir o problema é o primeiro passo. Livrar-se de culpa, do julgamento e da autocrítica é o segundo. Em seguida, é preciso muita disciplina e determinação para iniciar a tarefa com coragem, resistindo ao desconforto. O objetivo é ganhar confiança aos poucos, valorizando as pequenas conquistas diárias.
Para ajudar nesse processo, vamos falar sobre quatro falhas na gestão do tempo que podem estar contribuindo para agravar o hábito de procrastinar. Afinal, aprender a gerenciar a própria agenda já é um bom começo para reverter esse processo!
- Ser multitarefas
Trabalhar em muitos projetos ou atividades simultaneamente é uma armadilha para algumas pessoas, que acabam sentindo grande ansiedade, perdem o foco no que exige plena atenção naquele momento e se perdem na entrega das tarefas.
- Não saber delegar
Pessoas centralizadoras sofrem para encaixar todas as demandas na sua rotina. Muitas vezes acabam trabalhando além do horário para conseguir cumprir prazos. São típicos workaholics. Em geral, possuem personalidade perfeccionista, o que muitas vezes leva à procrastinação, pois a pessoa nunca acha que o trabalho está bom o suficiente para ser finalizado.
- Não definir metas e não fazer um planejamento
Metas são nossas bússolas. Quando não sabemos para onde ir, qual o propósito e quando iremos conquistar um objetivo, ficamos desmotivados. Essa insatisfação nos faz adiar decisões ou até desistir no meio do caminho. Além do planejamento diário, o ideal é estabelecer um plano semanal equilibrado, diluindo a conclusão das tarefas ao longo dos dias, sem sobrecarga de trabalho.
- Não respeitar prioridades
Um dos grandes vilões no gerenciamento do tempo. As pessoas costumam fazer primeiro as coisas mais fáceis, simples e rápidas, deixando as mais complexas e trabalhosas para o final, sem levar em conta o nível de importância. Preste atenção se você não está deixando para depois o que é prioridade nesse momento. Você fica com a sensação de dever cumprido, afinal, está executando tarefas o dia todo. Mas é um falso alívio, pois está deixando de lado o que é prioritário. Os procrastinadores são craques nesse tipo de autossabotagem.
Por fim, existem perguntas básicas que costumam guiar todos aqueles que estão comprometidos com a gestão eficaz do tempo: o que estou fazendo que não precisaria ser feito ou que poderia ser executado por outra pessoa? O que estou fazendo que somente eu posso fazer? O que deveria ser feito agora que não estou fazendo nem delegando a outro?
Reflita sobre isso.
* Adriano Souza (@adriansouza_br) é especialista em vendas e em relações humanas e liderança, além de instrutor MasterMind.