O aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo, prepara uma operação especial para receber, na manhã do próximo dia 16, um passageiro incomum. Um voo procedente de Santiago, no Chile, trará para o Brasil a elefanta Ramba, um animal de 3,6 toneladas. O exemplar do maior mamífero terrestre chega em um contêiner adaptado para o transporte e desembarca no setor terminal de cargas do aeroporto
Ramba deve seguir por terra para o Santuário de Elefantes do Brasil, no município de Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. A fêmea tem 53 anos e ficou conhecida como a última elefanta de circo do Chile. Durante três décadas, ela viajou de caminhão, presa a correntes, para ser vista em apresentações circenses. Em 1997, o animal foi confiscado do circo “Los Tachuelas” pelo Serviço Agrícola e Pecuário do Chile, devido às denúncias de negligência e maus-tratos.
O circo continuou, no entanto, como depositário até a elefanta ser resgatada, em 2011, pela ONG Ecópolis. Ramba foi levada para um recinto em Rancagua, a 90 km de Santiago. A entidade, que atuava com outros animais silvestres e não tinha experiência com elefantes, acabou entrando em contato com o santuário brasileiro
De acordo com a voluntária Valéria Mindel, embora estivesse fora do circo, a elefanta ainda sofria com o rigor do inverno chileno e com a solidão. “O santuário abriu um financiamento coletivo aqui e nos Estados Unidos para custear a viagem de Ramba e houve grande aceitação”, disse. A instituição contou com o apoio de empresas para o transporte de Ramba. O aeroporto de Viracopos colaborou com a isenção de taxas alfandegárias.
A entrada da elefanta no Brasil foi autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O embarque, no aeroporto chileno, deve acontecer no final da noite da terça-feira, 15. O presidente do santuário, Scott Blais, e um veterinário estarão com Ramba no voo, em avião de cargas. Após a chegada em Viracopos, a elefanta seguirá de caminhão até o santuário. A viagem deve durar cerca de 30 horas, com previsão de paradas apenas para a troca de motoristas.
Conforme a assessoria de imprensa do santuário, algumas fazendas foram contatadas em pontos estratégicos do percurso, de 1.450 km, para eventual abertura da caixa onde a elefanta estará contida. Uma equipe multidisciplinar acompanhará o transporte. Na chegada ao santuário, a caixa será aberta e a própria Ramba vai decidir se permanece isolada ou vai para o convívio das duas elefantas – Maia e Rana – que já vivem na área desde 2018.
O santuário adquiriu uma fazenda de 1.100 hectares, na Chapada, para manter os elefantes em condições de vida mais próximas à natureza. Em 2016, o santuário foi licenciado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e, dois anos depois, recebeu os primeiros animais. O projeto, mantido sem financiamento público, conta com o apoio de voluntários, da Global Santuary for Elephants (GSF) e da Elephant Voices, entidades internacionais.