Homens, em idade produtiva, com pouca escolaridade e desempregados há mais de 5 anos. Esse é o perfil das pessoas que estão em situação de rua em Limeira, conforme Censo apresentado ontem (6) pelo Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), durante a segunda reunião da Rede de Proteção que vem sendo articulada pelo município. O levantamento, realizado nos meses de junho e julho, identificou 186 moradores em situação de rua, resultado ligeiramente superior ao ano passado, quando foram localizadas 182 pessoas em condições similares.
Segundo a presidente do Ceprosom, Maria Aucélia Damaceno, o mapeamento traz informações técnicas que serão usadas para formulação e aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas ao setor. “Esse trabalho é um marco, trata-se de um diagnóstico que irá pautar as ações discutidas pela Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Sua”, frisou.
Os dados foram coletados pelo Ceprosom, por meio da equipe do Serviço de Abordagem Social e do Centro POP, e posteriormente, analisados pelos profissionais da Equipe de Vigilância Socioassistencial. “São informações que nos ajudam a entender quem são essas pessoas, como sobrevivem e quais as demandas”, salientou Aucélia. Todo o material levantado integra um banco de dados que permite o monitoramento dessas pessoas. “Essa metodologia facilita a gestão do serviço”, comentou.
Do total de moradores identificados, 107 estão nas ruas e 79, acolhidos em abrigos. Quanto à faixa etária, 47,6% têm de 18 a 39 anos e 45,4%, de 40 a 59 anos. Pessoas com mais de 60 anos representam 7% da população encontrada. “Esse dado nos mostra que essas pessoas estão, em sua maioria, em idade produtiva”, observou Aucélia. “Outro aspecto a ser considerado, é que cada vez mais cedo elas estão indo para as ruas”, completou.
O Censo também revelou o predomínio de homens (82,8%), sendo que as mulheres representam 17,2% do total. Já no quesito escolaridade, 50,5% têm ensino fundamental incompleto e 15,6% completo; 10,8% apresentam ensino médio completo e outros 10,8%, incompleto; na sequência, estão os analfabetos, com 4,3% e os não alfabetizados, mas que sabem ler e escrever, com 4,3%. Em outro extremo, 2,7% têm ensino superior incompleto e 1,1%, superior completo.
Sobre os motivos que levam o indivíduo à situação de rua, a pesquisa aponta o consumo de drogas (45%), os conflitos familiares (36%) o desemprego (8%), as doenças ou transtornos mentais (4%), a perda da moradia (3%), por opção (3%) e outros (1%). “Os fatores que desencadeiam a situação de rua formam uma tríade: drogadição, conflitos familiares e desemprego”, frisou Aucélia.
Em relação ao tempo de permanência nas ruas, 25% estão nessa situação há mais de dez anos, 17% de cinco a dez anos e 11% de dois a cinco anos. Por outro lado, 22% encontram-se em situação de rua há menos de seis meses, 10% de seis meses a um ano, e 15% de um a dois anos.
Ainda sobre o Censo, Aucélia disse que chama a atenção as informações referentes às condições de trabalho. Dos entrevistados, 78% estão desempregados e outros 20% fazem atividades informais ou eventuais. Ainda no universo do emprego, 44% não executam trabalho formal há mais de cinco anos. Para sobreviver, 22% pedem dinheiro nas ruas ou ajuda de terceiros, 11% recorrem a serviços de auxiliar geral e outros 11% atuam na área da reciclagem.
Um grande número de entrevistados (22%) informou não possuir nenhum tipo de renda. A renda semanal para 36% das pessoas em situação de rua varia de R$ 20 a R$ 80 e 17% recebem de R$ 80 a R$ 140. Para 24%, a renda alcançada é superior a R$ 140. Apesar do grande número de pessoas sem nenhuma ou pouca renda, 52% não recebem benefícios do governo federal, enquanto 39% estão inseridos no programa Bolsa Família.
A intersetorialidade no atendimento à população de rua de Limeira é um aspecto positivo destacado por Aucélia. Ela salientou a importância do apoio recebido pela Secretaria de Saúde, na realização de testes rápidos para detectar Infecções Sexualmente Transmissíveis, como HIV e Sífilis, e a atuação dos Centros de Apoio Psicossocial (Caps).
Quanto à rede de apoio às famílias, ela citou o trabalho do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) e do Centro de Assistência Especializado de Assistência Social (Creas). “Dentro dessa rede de atenção, temos ainda a Defensoria Pública, a Central de Penas Alternativas, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil, as igrejas e a sociedade civil organizada. Estamos unindo esforços o atendimento dessas famílias”, disse.
O prefeito Mario Botion comentou a importância do estudo. “O Censo tem o propósito de realizar o diagnóstico adequado. O trabalho feito por nossas equipes profissionais ajudará a encontrar alternativas às pessoas em situação de vulnerabilidade social e facilitará a estratégia de ação para a reinserção social”, destacou.