O IPVA mais caro de São Paulo em 2026, cobrado sobre uma Ferrari Daytona SP3 avaliada em mais de R$ 18 milhões, escancara uma diferença que chama atenção quando o assunto é tributação de veículos de alto luxo. Enquanto no Brasil o proprietário desembolsa R$ 731.677 por ano, nos Estados Unidos o cenário seria radicalmente diferente.
Isso porque, ao contrário do sistema brasileiro, os EUA não possuem um imposto anual semelhante ao IPVA, especialmente baseado no valor do carro.
Imposto alto só na compra e uma única vez
Nos Estados Unidos, a principal cobrança ocorre no momento da compra do veículo, por meio do chamado sales tax. Essa taxa varia conforme o estado e o município, geralmente entre 6% e 9%, e é paga uma única vez.
Se uma Ferrari desse porte fosse adquirida em estados como Califórnia ou Flórida, o imposto na compra poderia variar entre US$ 200 mil e US$ 350 mil. Em estados como Oregon ou Montana, onde não há sales tax, esse valor simplesmente não existiria.
Depois disso, o dono não voltaria a pagar imposto proporcional ao valor do carro.
E o “IPVA americano”?
O que mais se aproxima do IPVA nos EUA é a taxa anual de licenciamento do veículo (registration fee). Mas a semelhança para por aí.
Mesmo para carros de altíssimo valor, essa cobrança costuma variar de:
• US$ 500 a US$ 5 mil por ano, dependendo do estado;
• Em situações mais raras, pode chegar a algo próximo de US$ 10 mil anuais.
Ainda assim, o valor é irrisório quando comparado ao padrão brasileiro.
Brasil x Estados Unidos: a diferença salta aos olhos
Na conversão direta, o IPVA da Ferrari em São Paulo equivale a cerca de US$ 140 mil por ano. Nos Estados Unidos, esse mesmo carro dificilmente ultrapassaria US$ 5 mil anuais em taxas recorrentes — e em muitos estados, menos que isso.
Na prática, o que no Brasil se paga todos os anos, nos EUA se paga uma única vez, no ato da compra.
Um imposto que muda decisões
Essa discrepância ajuda a explicar por que veículos de altíssimo luxo costumam ser registrados fora do Brasil. Para grandes fortunas, o IPVA anual brasileiro se torna mais oneroso do que a própria manutenção do veículo em outros países.
Enquanto em São Paulo o imposto de um único carro equivale ao preço de imóveis, empresas ou investimentos de alto rendimento, nos Estados Unidos ele se resume a taxas administrativas que pouco impactam o orçamento do proprietário.

