Equipes da Prefeitura de Piracicaba atuam há uma semana no combate a um incêndio de grandes proporções na serra do Monte Branco, na zona rural do município. O fogo teve início na sexta-feira, 5 de setembro, e já consumiu cerca de 50 hectares de vegetação nativa. A área total da serra é de aproximadamente 150 hectares. Os focos chegaram a apenas 450 metros da Estação Ecológica de Ibicatu, uma unidade de conservação voltada à proteção ambiental e à pesquisa científica.
A operação envolve a Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Defesa Civil e Patrulha Rural da Guarda Civil Municipal, com apoio do Corpo de Bombeiros, da Fundação Florestal de Rio Claro e da Fundação Florestal de Barreiro Rico, além da equipe da Operação SP Sem Fogo, coordenada pelo Governo do Estado. A ação conta ainda com o suporte do helicóptero Águia da Polícia Militar, drones, caminhão-pipa e tratores.
Na tarde desta sexta-feira (12), o helicóptero Águia realizou mais de dez lançamentos de água sobre áreas críticas, contribuindo para controlar o avanço das chamas. Equipes em solo também abriram aceiros — faixas de terra sem vegetação ao redor da área atingida — para dificultar a propagação do fogo. De acordo com o segundo sargento do Corpo de Bombeiros, Marcolins, a baixa umidade do ar e o terreno irregular dificultam os trabalhos, especialmente em áreas de difícil acesso. Segundo ele, a maior preocupação é com as propriedades próximas e com a Estação de Ibicatu.
O gerente da Secretaria de Agricultura, Daniel Richard de Campos, o Dilão, acompanha os trabalhos diretamente no local com uma equipe que atua com trator e caminhão-pipa. O secretário da Pasta, Maurício Perissinotto, também esteve na região afetada e lembrou que, em abril, foi realizada uma oficina de prevenção a incêndios florestais com a presença de representantes do poder público, da sociedade civil e do setor privado. A ação aconteceu no bairro Floresta, próximo à estação ecológica, como parte de uma iniciativa conjunta com a Fundação Florestal, a ONG Novo Encanto Ecologia, a Iniciativa Verde e a empresa Plant Inteligência Ambiental.
Produtores rurais da região também auxiliam no combate ao incêndio. O agricultor Noedir Granja relatou que o fogo chegou a menos de 50 metros de sua propriedade, onde vive com a família e mantém criação de gado e plantação de cana-de-açúcar. “Vim ajudar como voluntário. A preocupação maior são as propriedades que tem aqui perto e a Ibicatu. Se o fogo atingir esses locais será um prejuízo muito grande”, afirmou.
De acordo com o primeiro-sargento Gentile, do Corpo de Bombeiros, a estiagem, que vai de junho a outubro, exige reforço nas ações de combate, fiscalização e conscientização sobre os riscos de queimadas. Ele orienta a população a colaborar com medidas preventivas, como não fazer fogueiras, descartar lixo corretamente, evitar o uso de fogo em áreas de vegetação e manter terrenos limpos. Denúncias de queimadas podem ser feitas pelos telefones 199 (Defesa Civil), 193 (Corpo de Bombeiros), 190 (Polícia Militar) ou 153 (Guarda Civil Municipal).
Provocar incêndios em áreas verdes é crime ambiental, previsto na Lei nº 9.605/1998, com pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. A punição pode ser agravada em casos de dolo ou de destruição em larga escala. Um projeto de lei em tramitação propõe o aumento da pena para até seis anos de prisão. Desde 2024, os valores das multas foram atualizados e podem chegar a R$ 10 mil por hectare queimado em áreas de vegetação nativa ou R$ 3 mil em áreas agropastoris sem autorização legal.




