A música popular brasileira perdeu nesta quinta-feira (1º) uma de suas vozes mais emblemáticas. Nana Caymmi morreu aos 84 anos, no Rio de Janeiro, após nove meses de internação. A cantora estava na Clínica São José, em Botafogo, Zona Sul da capital fluminense, tratando complicações cardíacas. Ícone da MPB, Nana foi referência de interpretação e estilo, com uma carreira marcada por intensidade, parcerias consagradas e uma postura sempre autêntica.
Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no dia 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro. Desde cedo, foi influenciada pelo ambiente musical da família, mas construiu seu próprio caminho, marcado por personalidade forte e escolhas ousadas. Estreou em disco ainda adolescente, cantando “Acalanto” ao lado do pai — música composta especialmente para ela.
Em 1960, lançou seu primeiro compacto solo. No entanto, no auge do início da carreira, trocou a música por um casamento e mudou-se para a Venezuela. Retornaria ao Brasil anos depois, decidida a seguir sua verdadeira vocação: cantar.
Volta ao Brasil e consolidação como intérprete única
Na volta ao país, Nana gravou o LP “Nana”, em 1966, e iniciou uma trajetória que a levaria a colaborar com os maiores nomes da MPB. Seu repertório incluiu obras de Milton Nascimento, Tom Jobim, João Donato e Sueli Costa, além de homenagens constantes ao legado do pai.
Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi o disco “Nana Caymmi” de 1975, onde interpretou com emoção “Ponta de Areia”, de Milton e Fernando Brant, e “Beijo Partido”, de Toninho Horta — ambos se tornaram clássicos.
Vida pessoal entre amores e parcerias musicais
Nana teve relacionamentos com nomes importantes da música, como Gilberto Gil — com quem foi casada — e João Donato. Também foi casada com Claudio Nucci, do grupo Boca Livre, e trabalhou com Cesar Camargo Mariano, maestro de Elis Regina. Muitas dessas relações renderam colaborações artísticas que marcaram época.
Mesmo com personalidade considerada difícil por alguns colegas, sua potência vocal e a entrega emocional a tornaram uma intérprete reverenciada pelo público e crítica.
Despedida de uma das maiores intérpretes da MPB
Nos últimos meses, Nana enfrentava problemas cardíacos e estava hospitalizada desde agosto de 2023. A morte ocorre dois dias após o aniversário de 84 anos, celebrado em estado delicado. A causa oficial ainda não foi divulgada, mas segundo o irmão, Danilo Caymmi, ela teria sofrido uma “overdose de opioides” durante o tratamento.



