Que diferença brutal de Felipe Conceição para Ademir Fesan. O novo técnico da Internacional é enérgico, fala firme, tem estratégias, boa memória, esbanja otimismo e não tira o sorriso do rosto.
Se a primeira impressão é a que fica, a imprensa aprovou a coletiva realizada ontem à tarde no Limeirão. Os profissionais puderam ver que o segundo semestre tende a ser muito melhor do que o primeiro, que culminou com o rebaixamento para a Série A-2 do Campeonato Paulista e a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil.
Para começar, Fesan disse que foi a camisa pesada da Internacional que o trouxe para cá. Lembrou até que estava no Morumbi em 1986, no jogo em que o seu novo clube foi campeão paulista.
“Não escondo de ninguém que sou palmeirense, mas depois que a gente vira treinador, tudo isso muda. Como eu tinha apenas oito anos, meu pai me contou que eu vibrei com o gol da Inter. Na época ele deve ter ficado bravo comigo”, sorriu.
Fesan quer trabalhar. Tem pressa. Tem vontade. Sabe que a torcida leonina está machucada e que o Leão não vence há 15 jogos (nove empates e seis derrotas). “Não sou de ficar olhando para trás, ainda mais em um clube que acabei de chegar. Penso para frente. Quero mais e mais. Quero ser campeão. Tenho gana disso”, frisou.
Fesan sabe que encontrará uma “terra devastada” por quem não está mais no clube. A Inter perderá um tempo precioso, mas o novo comandante não pensa nisso.
“Podem me cobrar. Eu garanto que vocês terão um time competitivo. Gosto do futebol ofensivo, de ter a posse de bola, de propor o jogo. Esse é o meu DNA. A torcida vai gostar. Times grandes, de capitais, caíram e foram obrigados a se reerguer. O importante é recomeçar. Faremos isso aqui”, explicou.
Sobre reforços, Fesan não está preocupado com o tempo curto para a estreia. Em menos de um mês a Inter jogará em Goiatuba, na abertura da Série D.
“Hoje temos um grupo de apenas 10 jogadores treinando. Tem mais seis contratados que estão chegando. A outra parte está disputando a reta final da Série A-2. Esses atletas virão prontos, bem condicionados fisicamente. É uma preocupação a menos que teremos”, justificou.
Fesan elogiou o presidente Danilo Maluf, que segundo ele, conduziu muito bem a negociação e fez um planejamento até o final da Série D. “Ele me esperou para fechar com os reforços. Estamos em sintonia neste momento. Isso é importante para um início de trabalho”, confidenciou.
O novo treinador falou da dificuldade que é disputar uma Série D. “Além da grande quantidade de clubes (64), tem as viagens longas e os gramados ruins. Mas isso é para todos. Tem que saber jogar essa divisão. Vamos trabalhar muito. A Inter é muito grande para estar nesta divisão”, salientou.
Se pudesse, Fesan traria todo o time do Santa Catarina Clube para cá, mas ele contou na coletiva que os principais destaques foram para Avaí e Criciúma. “Nos restaram poucas opções. Talvez eu traga uns quatro jogadores de lá. Um deles está certo, que é o zagueiro Adriel. Ele é alto (1m95) e vai nos ajudar muito nas bolas aéreas”, analisou.
Sobre a folha de pagamento que a Inter terá na Série D, Fesan optou por não revelar o valor. Disse apenas que gostou e que é suficiente para formar um time competitivo. “No ano passado bateu na trave né? Eu vi. A gente vem para a Inter com o pensamento de acesso. Precisamos pensar em coisas maiores para o clube”, reforçou.
O contrato de Fesan vai até o final da Série D. Claro, que se a Inter subir, a chance de permanência na Série A-2 é grande, mas o Santa Catarina o espera de braços abertos para o Campeonato Catarinense da Primeira Divisão de 2026, além da Série D, vaga conquistada por chegar até as semifinais diante do Avaí.
“Deixei as portas abertas no Santa Catarina. Fizemos um grande trabalho lá. Pode ter certeza que um dia eu retornarei. Mas nesse momento meu pensamento está aqui”, completou.
Sobre a comparação do futebol paulista com o catarinense, Fesan disse que em São Paulo o jogo é mais vistoso e técnico, com mais dribles. E que em Santa Catarina eles valorizam mais o jogo defensivo e a marcação.