O câncer infantil é um desafio que transforma vidas e exige resiliência de pais, crianças e profissionais da saúde. Em Brasília, a pequena Flora, de 9 anos, é exemplo de força e inspiração para enfrentar essa batalha. Diagnosticada com um tumor cerebral ainda bebê, sua história reflete a importância do diagnóstico precoce, do apoio da família e dos avanços na medicina.
Uma jornada de coragem e aprendizado
Desde os seis meses de vida, Flora apresentava um pequeno estrabismo no olho esquerdo, o primeiro sinal de um astrocitoma pilocítico, um tumor cerebral. A confirmação veio aos 18 meses, quando o tumor já atingia seis centímetros. Foi um momento divisor de águas para os pais, Cris Pereira e Guto Martins, que passaram a enfrentar uma rotina intensa de cirurgias, quimioterapias e novos tratamentos.
“A gente entrou em um portal onde nada mais seria como antes”, recorda Cris. A primeira cirurgia foi apenas o início de uma longa jornada. Desde então, Flora já passou por quatro procedimentos e centenas de sessões de quimioterapia. Atualmente, está em tratamento com terapia-alvo, com custos elevados cobertos por decisão judicial.
O papel do diagnóstico precoce
O neurocirurgião pediátrico Márcio Marcelino, do Hospital da Criança de Brasília, destaca que o diagnóstico precoce é crucial para melhorar as chances de tratamento e recuperação. “Quando identificamos a lesão nas fases iniciais, reduzimos o tamanho do tumor, evitamos disseminações e diminuímos o impacto na saúde da criança”, explica.
Avanços científicos também estão possibilitando tratamentos personalizados, com base no perfil genético dos tumores. “Estamos definindo subtipos de tumores e aplicando terapias mais eficazes”, afirma o especialista.
Visibilidade e conscientização
Cris e Guto, além de cuidarem de Flora, se dedicam a compartilhar sua experiência com outras famílias. Nas redes sociais, por meio da página @mamaetocomcancer, falam abertamente sobre a doença e a importância de prestar atenção nos primeiros sinais.
Eles também chamam atenção para a vulnerabilidade de muitas mães que enfrentam sozinhas o tratamento dos filhos. “Muitas mulheres vivem em hospitais sem qualquer rede de apoio. Ver isso nos trouxe uma nova perspectiva de solidariedade”, conta Guto.
O poder da esperança
Apesar das dificuldades, a rotina da família também é cheia de momentos de alegria e aprendizado. Flora, com seu jeito tagarela e sorriso contagiante, continua inspirando todos ao seu redor. Para ela, a vida é feita de pequenas vitórias diárias, como momentos de estudo, leitura e diversão com gibis da Turma da Mônica.
Cris resume o que aprendeu com a filha ao longo dessa jornada: “Resistência é algo que se acende em nós quando enfrentamos o impossível”.