Geralmente quando acontece a apresentação de um técnico, as perguntas são sobre mudanças, crise ou soluções. No caso de Felipe Conceição foi completamente ao contrário. O novo comandante da Internacional, de 44 anos, iniciou seu trabalho com o Leão na liderança do seu grupo na Série D do Campeonato Brasileiro e com duas vitórias seguidas.
Em cima disso, o ex-técnico do Botafogo, América/MG e Cruzeiro disse que realmente o ambiente é favorável.
“Eu sempre fui uma espécie de bombeiro. Peguei trabalhos realmente difíceis, desgastantes e com ambientes conturbados. Cheguei em vários clubes que estavam na última posição e graças a Deus consegui tirá-los dessa situação. Foi assim no Guarani, no América/MG e no Remo. Aqui é diferente, pois peguei um trabalho que vem dando certo. Agora é manter e não dar nenhum passo para trás”, comentou.
Conceição elogiou o trabalho feito por Júnior Rocha, que foi para o Guarani, e afirmou que não pretende fazer mudanças drásticas na equipe. “A gente pode até ajustar uma peça aqui, outra ali, mas em time que está ganhando, não se mexe. Vou apenas corrigir algumas coisas que notei, mas são pequenos ajustes”, frisou.
Conceição assistiu aos dois jogos da Inter até aqui e obviamente notou que um dos setores que merece sua atenção é o meio de campo. O espaçamento vem chamando a atenção, algo que não se via no Paulistão em razão das boas atuações dos Bochechas (Lucas e Gustavo).
“Os resultados vieram, mas os adversários trabalharam demais nesse setor. Nosso último treino foi exatamente em cima disso, para corrigir. Pode levar tempo para acertar, mas no sábado vocês verão um time mais compacto no meio”, frisou.
Felipe Conceição disse que está motivado, que gostou da postura do presidente Danilo Maluf na negociação e que recebeu o apoio do torcedor.
“Não quero fazer média, pois sou sincero em tudo que falo e faço. Há muito tempo eu não via um ambiente de trabalho tão bom. Os jogadores se ajudam. O trabalho fica leve e prazeroso. Aqui o ambiente é saudável e respeitoso. É o ponto mais positivo que vi até agora”, contou.
O novo técnico sabe que o jogo de sábado contra o Água Santa será um teste de fogo. Além de possuir a maior folha da divisão, o time de Diadema conseguiu segurar boas peças, como Neilton e Bruno Mezenga.
Sobre reforços, Conceição afirmou que neste momento está satisfeito com o que tem em mãos.
“Trabalhei dois dias apenas, mas parece que já faz um mês que estou aqui. A Inter tem dois jogadores para cada posição. Prefiro potencializar o que temos em mãos. É bom até economizar. Mas é claro, que se precisarmos de um jogador para uma função específica que não temos no clube, solicitarei ao presidente e ele vai nos atender”, confidenciou.
Felipe Conceição evitou falar sobre os períodos de trabalho e se todos poderão assistir aos treinos. “Isso cabe a direção. Estou chegando agora. Eu preciso me adaptar ao clube. Já vivi as duas situações. Para mim não tem problema algum com a decisão que for tomada. Por enquanto vamos manter o que estava sendo feito no comando de Júnior Rocha”, explicou.
Conceição afirmou que a Série D é a mais difícil do Brasil, até pelo número de clubes: 64.
“As viagens são longas, a logística é complicada e os gramados são ruins. Na primeira fase a gente prima pela intensidade e pela continuidade. Mas aí vem o mata-mata que é um campeonato à parte. A gente pode perder um acesso no jogo de ida. É por isso que temos que trabalhar duro, focando no nosso objetivo que é subir. Mas não será nada fácil. Confiante, a gente está”, adiantou.
Seu auxiliar Felipe Santos tem apenas 26 anos e começou como analista de desempenho. Aparentou ser fechado e de poucos sorrisos. Porém, foi elogiado pelo comandante.
“É o nosso terceiro trabalho juntos (antes foram no Sampaio Corrêa e Santa Cruz). Ele analisa o adversário como poucos. Me ajuda muito, pois não tenho tempo para fazer tudo isso. Foco mais no meu time. Ele me passa tudo mastigadinho. É por isso que o indiquei para cá. Tenho certeza que futuramente ele será um grande técnico”, comentou.
Felipe Conceição, que como atacante era chamado de Felipe Tigrão, espera ficar para o Paulistão de 2025, mas para isso, terá que mostrar serviço na Série D. “Estou muito feliz aqui. A Inter é grande e está sendo um prazer trabalhar nesse clube. Espero ser feliz aqui. Se depender da minha vontade e dedicação, vamos continuar fazendo esse clube crescer”, completou.