O ministro Luís Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça, determinou o afastamento cautelar da juíza federal Gabriela Hardt, conhecida por sua atuação como substituta de Sergio Moro na Operação Lava Jato. A decisão, anunciada nesta segunda-feira (15), também afeta dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, e o juiz Danilo Pereira Júnior, atual responsável pela 13ª Vara Federal em Curitiba.
O corregedor acusou os magistrados de cometerem diversas irregularidades durante a condução de investigações da Operação Lava Jato. Entre as acusações mais graves contra Gabriela Hardt, destaca-se a autorização para o repasse de cerca de R$ 2 bilhões oriundos de acordos com investigados para um fundo gerido pela força-tarefa, prática interrompida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019.
Salomão criticou Hardt por suposta “recirculação de valores” e discussão de termos de acordos por meios informais, incluindo trocas de mensagens via WhatsApp, que teriam ocorrido fora do registro processual formal. “Os atos atribuídos à magistrada se amoldam a infrações administrativas graves, constituindo fortes indícios de faltas disciplinares”, afirmou o corregedor.
Além disso, os desembargadores do TRF4 foram acusados de descumprir uma decisão do STF, o que levou ao afastamento do ex-juiz Eduardo Appio. “O comportamento deliberado de descumprimento de ordem emanada da Suprema Corte contribui para um estado de coisas que atua contra a institucionalidade do país”, disse Salomão.
As decisões de afastamento serão analisadas em uma sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta terça-feira (16). Até o momento, o TRF4 não se manifestou sobre as acusações, e a juíza Gabriela Hardt, através de sua assessoria, optou por não comentar o afastamento.