Viva o teatro! Com Hamlet, Romeu e Julieta é talvez a peça mais conhecida de Shakespeare, uma tragédia lírica que virou emblema do amor entre jovens. Inspirou inúmeros filmes, e Julieta foi sempre interpretada por atrizes brancas. O musical que estreia nesta sexta, 9, quebra a regra. Uma Julieta negra vai cantar seu amor por Romeu. Quando veremos um negro dilacerar-se no Ser ou não ser?
Bendito teatro. Romeo, Romeo, Romeo. Juliet! Quase sempre em inglês, e muitas vezes com os versos do poeta, o romance, fantasia o longa Shakespeare Apaixonado – vencedor do Oscar -, teria sido inspirado num romance que o próprio ‘Bill’ (William) teve em sua vida. Nonsense, proclamam os críticos que, com base nos sonetos, arriscam suas almas para dizer que ele era gay. Shakespeare transcende os gêneros, era (é) pansexual.
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Popular já na época do autor, a história clássica mostra um casal de jovens que se ama e o mundo os separa. Em Verona, Romeu e Julieta morrem para reaproximar Capuletos e Montecchios. Em 1936, na Metro, George Cukor fez uma versão de prestígio, muito bonita por sinal, exceto pelo fato de que o casal de protagonistas, Norma Shearer e Leslie Howard, já passara dos 40 (cada). Nos 50, Renato Castellani, egresso do neorrealismo, mostrou que era possível filmar a história com jovens. Em 1968, a suntuosa versão de Franco Zeffirelli ganhou os Oscars de fotografia e figurinos.
Dois anos antes, Dame Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev fizeram a versão dançada, de Paul Czinner. E, em 1996, Verona virou uma praia da Califórnia na versão de Baz Luhrmann, com Leonardo DiCaprio e Claire Danes. Na Atlântida, Oscarito e Grande Otelo parodiaram a cena do balcão em Carnaval no Fogo. Ops! Já houve uma Julieta negra. Amor, Sublime Amor, que venceu o Oscar em 1960, foi pioneiro ao verter a trama para a Nova York da época, com canto e dança. Mas a história nunca doeu tanto nem foi tão sombria como em Romeu e Julieta nas Trevas, do checo Jiri Weiss, com sua Julieta judia, no Holocausto.