Uma partida de futebol entre um time universitário do Peru e o Corinthians, em 11 de julho deste ano, ocasião em que o preparador físico da equipe peruana fez provocações à torcida do time brasileiro, inclusive sendo filmado imitando gestos associados a macacos, rendeu a ele uma condenação por racismo, após denúncia do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (GECRADI) do MPSP (Ministério Público de São Paulo).
Na sentença, a 29ª Vara Criminal da Barra Funda (SP) estabelece a obrigação de pagar dois salários mínimos à entidade de destinação social. Para o Ministério Público, a conduta depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas pretas e pardas ao associá-la a um animal irracional.
“O denunciado, ao simular um macaco para ofender torcedores, pratica conduta preconceituosa escrachada que desqualifica, rejeita e hostiliza um grupo vulnerável”, afirma a denúncia do GECRADI. A tese, defendida pela promotora Mariana Pieragnoli Viana, que atuou no caso, foi encampada pelo juiz de Direito Antonio Maria Patiño Zorz.
Na decisão, o magistrado escreveu: “Como explicar para uma criança preta ou parda o significado daqueles gestos? A imagem perdurou e ultrapassou as fronteiras do campo. Não se tratava de gesto para ‘um grupo de torcedores’, mas sim gesto de desprezo contra o ser humano”.
O réu, que na ocasião chegou a ser preso, havia sido denunciado pelo promotor Pedro Henrique Pavanelli Lima.