O atacante Neymar relembrou a primeira Copa do Mundo da sua carreira, a de 2014, e a definiu como “uma porcaria”. A avaliação foi realizada em uma entrevista concedida ao zagueiro Gerard Piqué, seu ex-companheiro do Barcelona, e divulgada nesta quarta-feira pelo site The Players Tribune, conhecido pela divulgação de textos em primeira pessoa de atletas.
Neymar explicou que fez essa avaliação mais pela grave lesão sofrida nas quartas de final contra a Colômbia, que o tirou da reta final da competição, do que pela acachapante derrota para a Alemanha nas semifinais. “Prefiro perder de 7 a 1 do que me machucar”, disse o atacante, que apontou viver o seu melhor momento na seleção brasileira, mas que, evidentemente, apontou como o pior a contusão sofrida com a entrada do colombiano Zuñiga nas suas costas.
“O meu melhor momento na seleção brasileira, eu acho que é agora E o pior, eu tive muitos momentos que não foram bons. Mas é o da lesão. A lesão foi o meu pior momento por causa da semana que passei. Eu só chorava em casa. Eu via minha mãe e meu pai chorando, todo mundo triste, meus amigos, família. Esse para mim foi o pior”, afirmou.
Neymar também detalhou como foram os momentos seguintes ao lance no triunfo brasileiro por 2 a 1 sobre a Colômbia, em Fortaleza, revelando que inicialmente pensava em seguir atuando, o que na sequência se mostrou impossível, pois ele não conseguia nem se movimentar.
“Quando ele me atacou, senti uma reação, mas eu tentei me levantar. Eu estava com muita dor e eu me lembro que minha cabeça estava no chão. E o Marcelo estava dizendo: ‘Chamem os médicos’. E eu disse: ‘Não, eu quero jogar’, porque eu queria marcar, porque eu estava louco. Eu não conseguia virar e os médicos entraram. ‘Não, eu vou continuar'”, disse.
“Mas eu não conseguia levantar as pernas. Não conseguia mexer minhas pernas. E o médico me tirou e comecei a chorar. Porque estava doendo muito e eu não sentia nada, não sentia minhas pernas. Então fui para o hospital Eu me lembro que eu estava com a minha perna dobrada, e quando eu tentava esticá-la, a dor era incrível”, acrescentou.
O atacante da seleção brasileira também contou como foi a conversa com os médicos sobre a gravidade da lesão nas costas, relatando que a sequência da sua carreira foi colocada em risco.
“Fui ao hospital, fiz todos os exames, e me disseram: ‘Tenho duas notícias para você. Uma boa e uma ruim’ E eu disse: ‘A ruim primeiro’. ‘A ruim: você não poderá jogar mais na Copa do Mundo. Acabou para você. E eu disse: ‘E qual é a boa?’ ‘A boa é que, depois você poderá andar, porque se fosse dois centímetros para o lado, o futebol teria acabado para você'”, afirmou.
Da sua casa, então, Neymar viu a seleção ser massacrada pela Alemanha nas semifinais da Copa, no Mineirão. E ele destacou que aquele revés trouxe um peso enorme para os jogadores brasileiros “Foi um desastre para nós porque ninguém esquece. E agora falando sobre a seleção brasileira, seis meses atrás, éramos a ‘equipe nacional do 7 a 1′”, comentou.
FAVORITO – Às vésperas de mais uma Copa do Mundo, o Brasil parece ter recuperado seu status, ao menos na avaliação de Piqué, o “entrevistador” de Neymar. Na sua avaliação, a equipe é a favorita a vencer o torneio na Rússia por ter um sistema defensivo seguro, um meio-campo consolidado, com a presença de Paulinho, seu companheiro no Barcelona, e um ataque poderoso.
“Eu acho que vocês estão um pouco acima de todos os outros. Acho que nós (a Espanha), a Alemanha, a Argentina, a França, estamos em um nível similar. Mas vocês estão um pouco acima. Lá na frente, vocês têm um grande poder de fogo. Vocês têm Coutinho, Gabriel Jesus e você”, elogiou Piqué, que viu Neymar apostar na Islândia como candidata a surpresa do torneio em 2018.