Com a inflação incidindo em todos os produtos de consumo, sobretudo os alimentos, nem os veículos ficaram de fora. Se a pandemia elevou o custo de produção dos veículos zero quilômetro encarecendo a oferta, os usados passaram a ser mais valorizados por conta da demanda de quem fugiu do transporte público devido ao risco sanitário provocado pela Covid-19. Isso refletirá numa provável alta do IPVA, imposto cobrado anualmente pelo Estado sobre a propriedade de veículos, com repasse de uma cota aos municípios.
Essas razões são explicadas pelo economista Izaias de Carvalho Borges, professor da PUC Campinas, em entrevista ao Rápido no Ar, que pode ser conferida na íntegra. Na equação da oferta problemática devido ao fechamento de fronteiras não só para pessoas como para materiais e insumos e demanda do transporte individual com temor dos riscos de contaminação, o que se percebe é um choque no até então estável percurso de desvalorização dos veículos usados num contexto de inflação estável.
Ele elenca as razões que devem levar à alta do imposto. Com a dificuldade de obter peças importadas, o custo aumentou e chegou até a inviabilizar a produção, com fechamento temporário de fábricas e encerramento de determinados modelos. Isso também reduziu a concorrência, o que dá margem para a montadora eventualmente subir preços em modelos que se tornam únicos no mercado. A desvalorização do real e encarecimento do dólar também contam na alta.
COMBUSTÍVEIS
A busca maior por veículos para manter o meio de trabalho, seja como transporte, seja em iniciativas que aumentaram na pandemia, com entregas do e-commerce com utilitários ou carros e entregas de restaurantes com motocicletas se mostra uma necessidade tão grande que o aumento do custo dos combustíveis acaba não tendo tanto impacto, até o momento, como analisa o professor. Por se tratar de um bem essencial, o preço do combustível tem pouco impacto na decisão de compra do consumidor, que também leva o fator emocional às compras, quando se trata de veículos.
No Estado de São Paulo, o IPVA é cobrado com base no valor da Tabela Fipe, que pode ser consultado no site. Para automóveis, a alíquota é de 4%, enquanto para motos o imposto custa 2% do valor. Anualmente o preço válido é publicado pela Imprensa Oficial do Estado antes da emissão das cobranças. Para saber o quanto o seu imposto pode subir, basta pesquisar o valor do veículo em dezembro de 2020 e dezembro de 2021.