Apesar da crise provocada pela pandemia do coronavírus, os aplicativos se tornaram importantes para muitas famílias brasileiras. É o que demonstra um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) sobre o impacto da empresa de tecnologia 99 na economia do País.
Realizado pelo segundo ano consecutivo, o levantamento registrou, a partir da atividade de transporte por app, o impacto de mais de R$ 15 bilhões na economia do Brasil.
O valor é equivalente a 0,21% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Isso representa um crescimento de 16,7% no impacto do app da 99 no ambiente econômico nacional, na comparação com os dados de 2019.
O desempenho é ainda mais impactante quando lembramos que o PIB brasileiro de 2020 registrou queda de 4,1% em relação ao ano anterior.
Postos de trabalho
Por meio de seus serviços, a 99 fomenta a geração de renda, promove a criação indireta de postos de trabalho e impacta positivamente a economia. Um dos números mais importantes do estudo da Fipe aponta que a empresa “conseguiu impactar na geração de 331 mil novas posições de trabalho, em diversos setores”.
Além disso, contribuiu para a arrecadação de R$ 1,3 bilhão em tributos, com os impostos sobre Produtos Industrializados (IPI), Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Serviços (ISS).
“O resultado que encontramos está diretamente ligado ao efeito multiplicador que a 99 tem sobre a economia brasileira”, explica o pesquisador da Fipe e professor universitário Fernando Perobelli. “A pesquisa realiza o cálculo dos efeitos iniciais provocados pela 99 no mercado, dos impactos diretos da atividade, das consequências indiretas por ela provocadas e dos efeitos induzidos”, finaliza
Detalhamento
Dos R$ 15,2 bilhões mensurados pelo levantamento da Fipe, quase 44% (o equivalente a R$ 6,7 bilhões) se referem aos pagamentos das corridas. Outros 9,4% (R$ 1,4 bilhão) correspondem a setores afetados de forma direta pela atividade. Nesta relação estão desde oficinas e comércios voltados à venda e manutenção dos veículos até lojas de roupas ou de telefonia celular.
Em seguida, estão os efeitos indiretos da cadeia formada pelas atividades da 99 (R$ 1,1 bilhão). E, por fim, os efeitos induzidos, que são as atividades beneficiadas pela demanda gerada no transporte de aplicativo, com R$ 5,98 bilhões.
“Partimos do princípio que toda atividade de produção gera emprego, produzindo renda e estimulando o consumo ou a poupança. Isso é o que chamamos de fluxo virtuoso na economia.”, afirma Perobelli.
No caso da 99, o pesquisador ainda explica que a empresa de tecnologia desempenha o papel de uma atividade de produção que gerará emprego aos funcionários e aos motoristas. “Por exemplo, a atuação dessa mão de obra gera renda para os mesmos, que pode virar consumo ou poupança. Esses seriam os impactos diretos, dentro da atividade desenvolvida pela 99”.
Na prática
Os números levantados pela Fipe podem ser traduzidos na prática por pessoas como Silvana Ribeiro Gomes dos Santos, de 52 anos. Ela é motorista parceira da 99 desde novembro de 2017.
A moradora do bairro Butantã, em São Paulo, começou na atividade cinco meses após ter sido demitida da empresa em que atuava. Paralelamente, ela ainda cursava a faculdade de Administração. Segundo Silvana, as oportunidades que apareceram antes do app não foram suficientes para manter em dia as despesas pessoais.
Silvana conta que, no início da pandemia, teve viagens de sobra para fazer. Isso porque “muitos patrões estavam solicitando corridas para babás, empregadas e cuidadores de idosos. Além do pessoal da saúde que também usava o aplicativo para se locomover”.
Sem tempo a perder, Silvana mantém uma rotina extensa de trabalho, assumindo o volante às 7h30 e só parando às 13h, para descansar. Depois, encara outro período, das 16h às 23h30.Quando questionada sobre os efeitos positivos que a vacinação contra a Covid-19 pode provocar em sua rotina e finanças, Silvana é ainda mais positiva. “Acredito que (o fluxo de passageiros) aumente gradativamente com o avanço da vacinação e diminuição das internações. Estou bastante otimista em relação a isso, pois aos poucos tenho visto um aumento crescente no número de corridas”.
Outra motorista que praticamente não parou na pandemia foi Luciana de Souza Silva, de 48 anos, que também atua em São Paulo. Assim como Silvana, ela observa na vacinação da população contra a doença um fator capaz de virar o jogo. “Espero e tenho muita fé que tudo isso possa melhorar, pois gosto do que faço. Acredito que, após a vacinação, a situação irá melhorar bastante. Devagarinho, posso dizer, já está melhorando”.