Uma das construções históricas mais significativas de Limeira, a Estação Ferroviária, será reformada. O prédio, que levou três anos para ser construído, de 1873 a 1876, passará por um amplo processo de renovação, com substituição de elementos estruturais, elétricos e hidráulicos. A obra será integralmente financiada pela empresa Rumo, que administra a malha ferroviária, a um custo estimado de R$ 1,3 milhão. Coube ao município, especificamente à Secretaria de Urbanismo, a elaboração do projeto arquitetônico.
Nesta semana, a Construtora Mundim, contratada pela Rumo para execução da reforma, já começou a preparar o canteiro de obras. A ação prevê a substituição da estrutura e cobertura da sala de guarda de objetos e bagagem, substituição parcial das telhas da cobertura, revisão e troca de portas e janelas.
Também houve preocupação com a segurança do imóvel. Toda rede hidráulica e elétrica será substituída, com instalação de sistema de combate a incêndio. Cozinha e sanitários ganharão piso e revestimento novos, sendo que estes últimos atenderão aos critérios de acessibilidade para pessoas com deficiência. O trabalho se estenderá, ainda, à parte externa do imóvel, com substituição do piso da calçada.
A intervenção faz parte de uma ampla negociação com a Rumo, que em 2019/2020, fez a elevação da cobertura da gare (plataforma). Nesse processo, houve o alongamento dos pilares de sustentação, com padrão idêntico ao original, e tratamento dos pontos de ferrugem. Segundo o secretário da pasta, Matias Razzo, essa obra surgiu da necessidade de adequar a altura da gare ao fluxo de vagões de dois andares (double-stack).
Matias Razzo esclarece que a aprovação da obra foi condicionada à contrapartida da Rumo, considerando-se que o local está em processo de tombamento. No final de 2019, a empresa assinou um acordo com a prefeitura, comprometendo-se a reformar o prédio da estação. Tanto o alteamento da gare quanto a reforma receberam aval do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico do Município de Limeira (Condephali).
A arquiteta do Setor de Patrimônio Histórico da Secretaria de Urbanismo, Alessandra Argenton Sciota, revela que a edificação tem estilo eclético, com influência da arquitetura europeia. A cobertura da plataforma, por exemplo, é de estrutura metálica inglesa. Ela conta que, ao longo da primeira metade do século 20, o imóvel passou por ampliações e reformas. Um pequeno galpão para guarda de volumes e cargas, além de um bloco para sanitários, foram acrescentados ao projeto original.
“No início do século 20, em seus tempos áureos, a Estação Ferroviária e seu entorno eram denominados de orla industrial”, ela afirma. A partir da documentação levantada para o processo de tombamento, Alessandra observa que a ferrovia atraiu muitas indústrias, destinadas à produção de calçados, chapéus, fósforos, açúcar, entre outros. “Essas fábricas eram instaladas às margens da ferrovia e avançavam até a Rua Barão de Campinas, no Centro”, completou.
Porém, com a decadência do transporte de passageiros, a estação foi desativada em 1997. O complexo, que inclui ainda dois barracões, pertence ao Governo Federal, porém foi cedido à Prefeitura de Limeira nos anos 2000.
“Em nossa gestão, otimizamos ao máximo medidas que possam gerar qualidade de vida à população. Sem custos para o erário, conseguiremos recuperar um patrimônio histórico da maior importância, que certamente vai revigorar aquela região e gerar oportunidades inovadoras para o município”, concluiu o prefeito Mario Botion.