José Humberto Pires de Campos, de 25 anos, que foi à Justiça pelo direito de morrer e, no último instante, optou por viver, ganhou ajuda em sua luta para ter, agora, uma vida normal O empresário Nelson Nolé, de Sorocaba, acompanhou o drama da mãe e do filho, mostrado em reportagem, e decidiu doar uma cadeira de rodas motorizada ao rapaz. O equipamento será despachado para Trindade, cidade goiana onde Campos mora com a mãe.
Campos quer trabalhar para ajudar a mãe, que precisou deixar o emprego como professora para cuidar do filho. Em razão da doença e do período em que ficou em coma, após recusar tratamento médico, o jovem perdeu os movimentos dos pés e da mão direita. De acordo com Nolé, com o equipamento motorizado, ele poderá acionar os comandos com o braço esquerdo, com autonomia.
O jovem goiano descobriu uma doença renal grave em 2015. Ele não aceitava fazer hemodiálise e foi à Justiça para não ser obrigado a se tratar. A mãe também entrou com ação para obrigar o filho ao tratamento, mas não obteve sucesso. Em março do ano passado, quando já agonizava no hospital, Campos chamou a mãe e disse que mudara de ideia e queria viver. A resistência ao tratamento, que o levou a um coma de 11 dias, produziu sequelas. O rapaz, agora, faz fisioterapia em clínica de tratamento neurológico e passa por sessões de hemodiálise três vezes por semana, além de seguir as dietas com vitaminas. Ele diz que vê na mãe sua melhor parceira.
Dono de uma clínica especializada em próteses ortopédicas, o empresário Nelson Nolé tornou-se conhecido por ajudar pessoas que sofreram mutilações ou nasceram com deficiência de mobilidade. Vários atletas paraolímpicos e um conhecido surfista passaram pelo seu laboratório, em Sorocaba. A bailarina que dança ao lado da cantora Anitta na abertura do Fantástico, da Globo, também foi atendida por ele.
Os funcionários dizem que 30% da produção da clínica são doações. O menino de 11 anos que teve o braço arrancado por um tigre, em 2014, no zoo de Cascavel (PR), e o ciclista que perdeu o braço após se atropelado na Avenida Paulista, em São Paulo, foram tratados de graça por Nolé. Ele também produziu a perna mecânica que permitiu ao índio de uma tribo remota do Amazonas voltar a caçar. Nos últimos anos, o especialista passou a fazer próteses gratuitas para animais. Nesta segunda-feira, 28, ele trabalhava nas patinhas traseiras de um cão resgatado pela ativista Luisa Mell.